Mesmo temporariamente licenciado por um ano do Partido Verde, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, ainda corre sérios riscos de ser expulso da sigla. O alerta foi feito em Ilhéus, no sul da Bahia, pelo presidente estadual do PV, Ivanilson Gomes, que acusa o ministro de continuar a constranger as pré-candidaturas de Marina Silva (presidente) e Luiz Bassuma (governador).
Juca está licenciado do PV pelo período de um ano depois de fazer parte de um grupo que foi voto vencido ao defender uma aliança - nas esferas federal e estadual - com o Partido dos Trabalhadores. "Ele afastou-se para continuar sendo ministro. Privilegiou uma decisão pessoal em detrimento ao projeto coletivo do partido. Mas é preciso que ele respeite a decisão da maioria, caso contrário, será expulso. Ele sabe melhor que ninguém o que diz o estatuto do PV", alerta o presidente estadual.
A posição do ministro de não apoiar a candidatura própria também foi criticada pelo pré-candidato a governador Luiz Bassuma. "A proposta que ele defendeu conseguiu convencer a apenas 5 por cento dos nossos filiados depois de seis encontros regionais que realizamos. O Juca saiu desta briga derrotadíssimo. Devia esquecer a nossa candidatura e cuidar apenas do seu cargo, que foi a opção isolada que fez", disse Bassuma, com exclusividade ao Jornal Bahia Online. Os dirigentes do PV que estiveram reunidos em Ilhéus neste final de semana, estendem a mesma ameaça de expulsão ao secretário estadual do Meio Ambiente, Juliano Matos, outro resistente à candidatura própria.
Por decisão da maioria, o PV apresentou no dia 14 de dezembro do ano passado, uma carta ao governador da Bahia, Jaques Wagner, informando sobre a decisão de deixar o governo. Exigiu que todos os seus membros entregassem os cargos. Juliano Matos resistiu. No dia 20 de janeiro solicitou à executiva estadual que estendesse o prazo por mais dez dias. Passados mais de dois meses, continua no cargo, sendo de um partido que, hoje, é de oposição ao governo Jaques Wagner. Juliano está respondendo processo na Comissão de Ética do partido. Já faltou às três audiências realizadas e deve ser julgado à revelia. "No início de abril estaremos com o relatório da comissão pronto e decidiremos o futuro dele", garante Ivanilson Gomes.
Luiz Bassuma assegura que a sua candidatura ao governo da Bahia é um processo irreversível. "Lutaram para impedir o crescimento do PV. Em parte conseguiram por que atrasaram o processo. Mas nunca deixamos de fazer nossa parte e a candidatura está posta", assegura. Bassuma revela que, já por duas vezes, o presidente estadual do PT, Jonas Paulo, teria procurado a executiva nacional do partido tentando abortar a candidatura. "A candidatura incomoda. O governador se importou com a nossa decisão. Mas aprendi que você mede a importância de um acontecimento quando é para o bem da humanidade pelo nível de resistência e dificuldade que este acontecimento enfrenta", reflete. (Informações do Bahia OnLine)