O que parecia uma marola, sem adesão da base governista como um todo, acabou se concretizando e recebeu parecer favorável da Procuradoria Jurídica da Casa entendendo que, embora o grosso dos recursos do Metrosal sejam do Banco Mundial e Governo Federal, como há contrapartida do Estado, a matéria é constitucional.
Existem indícios já revelados pela imprensa de muitas irregularidades na execução da obra, um superfaturamento apontado em R$100 milhões, mudança de conceitos na relação tripartite, encurtamento do trajeto, elevado do Bonocô, quebra de compromissos nos contratos e muito mais a ser investigado pela CPI.
Trata-se da maior "caveira de burro" nas histórias de metrôs nacionais, enterrada em 1999, quando a obra começou, e lá se vão 11 anos para concluir 4.5km de percurso, atravessando duas gestões municipais, duas estaduais e duas federais, ainda sem uma data para sua conclusão.
Enquanto o Metrô de Madri avançou 40 km nos últimos dez anos e a China construiu uma ligação de 1.000 km para um trem bala, em seis anos, a ineficiência do Metrosal é gritante, causa perplexidade aos baianos da terceira capital mais populosa do país, única metrópole brasis que ainda não dispõe de um mínimo tramo de transporte de massa.
CPIs não costumam imputar punições a gestores públicos e a iniciativa privada, vide o exemplo último da Ebal que tantas revelações aconteceram e ninguém foi punido. Pelo menos até agora. Mas, CPI, qualquer delas, sempre provoca um intenso noticiário e fica-se sabendo de muita coisa.
A população de Salvador aguarda, pois, que essa "caixa preta" do Metrô seja aberta com todos os seus segredos. E revele, já que todos se dizem inocentes, quem tem a culpa cartorial.