Não deu. A desarticulação da bancada governista na Assembleia é fato. Não houve quórum nas sessão da tarde desta segunda-feira, 23, a ordinária e a extraordinária que se tentaria votar os projetos do Executivo, assim como a sessão extraordinária convocada para o turno da manhã sequer foi aberta.
Bem que o líder do governo Waldenor Pereira (PT) ainda se esforço solicitando a presença dos deputados da base no plenário, embora tenha dito ao BJá que, por tradição da Casa, sessões de segunda-feira são sempre problemáticas. Waldenor diz que, na terça-feira, 24, a bancada estará a postos, integral.
A primeira sessão da tarde não resistiu ao pedido de verificação de número feito pelo líder da oposição, Heraldo Rocha (DEM), porque só estavam presentes 17 deputados. Mas havia um requerimento assinado por 21 parlamentares convocando uma sessão extraordinária, e os trabalhos foram reaberto dois minutos depois. Deu-se, então, novo pedido de quórum, nova queda de sessão, ante a presença de apenas 19 deputados, quando seriam necessários 21.
Entre os petistas,somente três compareceram: Waldenor, Neusa Cadore e Fátima Nunes. Nem o líder da bancada, Paulo Rangel, deu presença.
HÁ ESTRATÉGIA?
O presidente Marcelo Nilo chegou a ler outro requerimento convocando uma segunda sessão extraordinária na tentativa de votar os projetos do Executivo. A oposição protestou, argumentando que havia "uma indústria de requerimentos" para escamotear a incapacidade do governo de reunir sua base. O líder Waldenor terminou optando pela retirada do requerimento.
No primeiro pedido de quórum, ainda na sessão ordinária, o deputado Álvaro Gomes (PCdoB) tentou dissuadir o deputado Heraldo Rocha de derrubá-la "devido à importância dos projetos de lei que serão discutidos". Heraldo não ligou. Álvaro concluiu que, não podendo aprovar os projetos no voto, o governo deveria tentar um acordo com a oposição.
O do PR, o governista Pedro Alcântara, ficou irritado, dizendo que a oposição fazia "um boicote às atividades da Casa". Mas não sensibilizou ninguém: quando o desavisado Júnior Magalhães (DEM) entrou no plenário e ia marcar presença, o deputado Bacelar acenou-lhe negativamente. A mensagem foi logo captada.
Outro governista, Ângelo Coronel, afirmou que "o governo foi abandonado pelos que comeram sal e poeira com o governador Jaques Wagner na campanha". Segundo eles, agora só estão participando do esforço legislativo do governo "os que chegaram depois", isto é, os que aderiram depois da vitória.
Cáustico, o deputado Elmar Nacimento vê no processo de desarticulação da base governista um boicote ao trabalho de Waldenor Pereira (PT). "Creio que estão querendo derrubar Waldenor da liderança", disse ao BJá. O deputado Paulo Azi (DEM) diz que, até o momento, não consegue entender a estratégia do governo. "Às vezes acho que não existe estratégia aluma e é pura desorganização", comentou.