Política

BRASIL E AUTORIDADE PALESTINA SELAM ACORDO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA

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| 20/11/2009 às 11:01
Abbas busca apoio ao plano unilateral de independência da Palestina
Foto: Manu Dias

Com as bandeiras do Brasil e da Palestina ao fundo, o presidente Lula e o presidente da autoridade palestina, Mahmoud Abbas, selaram um protocolo de intenções para cooperação técnica em diversas áreas, em cerimônia, agora a pouco, na Santa Casa de Misericórdia.


Entre os presentes, o anfitrião e governador, Jaques Wagner, o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, o assessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia, e o embaixador, Ibrahim Al Zeben.


Em seguida, Lula segue para o município de Camaçari, onde participará do anúncio do novo plano de investimentos da Ford para o Brasil.

VISITA

o presidente palestino, Mahmoud Abbas, chegou a Bahia na última quinta-feira para uma visita oficial de três dias em que deverá buscar o apoio do governo brasileiro ao plano de declaração unilateral de independência da Palestina.

A viagem ocorre depois de o negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, ter anunciado, no domingo, que vai pedir ao Conselho de Segurança da ONU que reconheça um Estado palestino independente.


"O assunto deverá ser tratado no encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva", disse à BBC Brasil o primeiro conselheiro da Delegação Especial da Palestina no Brasil, Salah El-Qatta.


O presidente palestino também deverá visitar a Argentina e o Chile em busca de apoio. Estados Unidos e União Europeia já afirmaram que não vão respaldar o plano de declaração unilateral de independência.


PAZ NO ORIENTE
MÉDIO

"Os dois presidentes discutirão temas em comum, como a paz no Oriente Médio e o papel do Brasil, que cada vez é mais importante", disse à BBC Brasil o embaixador palestino em Brasília, Ibrahim Alzeben.


"O Brasil mantém relações boas e históricas com ambas as partes, tanto com o lado israelense quanto com o lado palestino, e pode ajudar a convencer Israel a cumprir com o direito internacional", afirmou o embaixador.


Abbas vem ao Brasil uma semana depois da visita do presidente de Israel, Shimon Peres, e em um momento de impasse na retomada das negociações de paz.

Nesta semana, logo após o anúncio do plano palestino de declaração de independência, Israel autorizou a construção de mais 900 casas no assentamento de Gilo, que fica em território ocupado, reivindicado pela Autoridade Palestina, em Jerusalém Oriental.


A medida foi recebida com críticas por parte de diversos países. Em nota, o Itamaraty afirmou que "a decisão do governo israelense de expandir assentamento situado em território palestino viola resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas a respeito do tema e contraria as obrigações assumidas por Israel no âmbito do Mapa do Caminho".


"Representa um duro golpe nos esforços internacionais que visam à retomada do processo de paz na região e constitui novo obstáculo à consecução do objetivo de um futuro Estado palestino geograficamente coeso e economicamente viável", diz o comunicado.


A nota afirma ainda que o governo brasileiro "conclama o governo de Israel a rever a decisão anunciada, de modo a ampliar as condições políticas necessárias para que israelenses e palestinos voltem à mesa de negociações, com vistas a alcançar um acordo que viabilize a solução de dois Estados".


Há duas semanas, Abbas anunciou que não pretende concorrer à reeleição devido ao impasse nas negociações. O principal motivo seria a recusa de Israel em congelar os assentamentos judaicos em territórios palestinos, uma questão considerada crucial pelos palestinos para a retomada das negociações de paz.