Política

VERDADE DO ÍNDICE FIRJAM DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL, POR HERALDO ROCHA

Vide
| 26/08/2009 às 20:00


  (Por deputado Heraldo Rocha, líder da Oposição)


  Como diz o próprio nome, o índice IFDM - criado pela Federação das Industrias do Rio de Janeiro -  trata do desenvolvimento municipal, e portanto inclui dados de responsabilidade compartilhada entre governo federal, estadual e principalmente governos municipais. Tais índices, assim como o IDH, servem para balizar as administrações públicas com foco nos resultados. A utilização política dos dados referente ao ano de 2006, responsabilizando uma única instancia de poder pelos resultados negativos, é prova da miopia de quem é incapaz de reconhecer seus próprios erros e mostrar seus acertos. 


    A despeito disso, vamos aos fatos e números. A pesquisa apresenta um dado relevante para a Bahia, ao contrario do que demonstra a variação anual - que absorve um desvio estatístico: houve uma variação positiva de 17% neste mesmo índice entre 2000 e 2006, amostra suficiente para avaliar resultados das políticas publicas implantadas no período estudado. A Bahia melhorou entre 2000 e 2006, estando inclusive entre os cinco estados que mais evoluíram em educação, com elevação do índice em 28,2%.

           
    A queda apresentada entre 2005 e 2006, numa análise preliminar, parece refletir uma diminuição extemporânea na geração de emprego formal e massa salarial entre os dois anos. A Bahia, fruto de sua agressiva política de atração de investimentos do governo estadual, esteve entre os quatro maiores estados em geração de emprego até 2005, o que não foi repetido em 2006.


   Vale esclarecer que o índice é composto de avaliações nas áreas de emprego formal e massa salarial, saúde e educação básica e fundamental - esta de responsabilidade municipal. Nos outros dois dados que compõem o estudo, saúde e educação, houve estabilidade entre 2005 e 2006, com pequena queda em educação (-1,2%) e ligeira melhoria em saúde (+2,1%). O impacto maior foi a diminuição em 11,5% em empregos formais e massa salarial..

           
     A queda geral do índice, portanto, retrata não uma queda nos índices sociais, mas unicamente por uma diminuição de empregos formais e salários, especialmente nos municípios mais carentes entre 2005 e 2006, como demonstra os próprios dados da pesquisa. Como o índice nesta questão utiliza somente dados de emprego formal do Ministério do Trabalho, parece refletir o aumento da informalidade no interior pós-implantação dos programas sociais do governo federal, especialmente o bolsa-família, que entre 2005-2006 teve seu ápice de crescimento, especialmente na Bahia, com a maior população atendida no Brasil. Um tema a ser estudado com mais profundidade.


   Desta forma, em principio, houve este desvio, que não levou em consideração os dados de renda dos programas sociais, somente carteiras assinadas e emprego formal, e não absorveu a melhora na renda gerada por estes programas, como comprova os outros diversos índices econômicos disponíveis, notadamente o PNAD do IBGE, que atesta a trajetória de crescimento da Bahia até 2006, inclusive com melhoria de renda e consumo da população baiana. O certo é que, e este próprio índice comprova, a Bahia estava num claro ritmo de melhoria entre 2000 e 2006.

           
   Mas uma análise mais aprofundada dos números demonstra, por exemplo, que a queda, além do desvio estatístico citado, também foi puxada para baixo pelo fraco desempenho de prefeituras de grandes municípios baianos administrados pelo PT, como Camaçari, com queda de 4,7%, Alagoinhas, com queda de 8,1%, e Lauro de Freitas, com incríveis 11,6% negativos, bem acima da queda média, piorando sensivelmente em saúde e educação básica - de responsabilidade municipal.


  A tentativa de manipulação dos dados do índice IFDM/Firjan, e o próprio desempenho aferido nesta mesma pesquisa pelas prefeituras do PT, demonstram a incoerência no discurso do petismo baiano e a distancia entre a conversa e a prática. Infelizmente a trajetória ascendente, onde o estado melhorava continuamente nos diversos índices sociais, comprovada pelo índice IFDM-Firjan e pelo PNAD-IBGE, parece se inverter drasticamente a partir de 2007, com sensíveis pioras nas áreas sociais: em educação, com falta de professores na rede estadual; em saúde, com aumento de doenças endêmicas e mortes por falta de leitos hospitalares; e em geração de renda e emprego, com a Bahia perdendo para outros estados do nordeste investimentos e postos de trabalho. Isso sem citar os absurdos índices de violência que, ao contrário do restante do Brasil, apresentam considerável piora Ou seja, se este índice tivesse abrangido os anos de 2007, 2008 e 2009, já teríamos noção do tamanho do desastre da gestão estadual.


  A miopia de insistir em distorcer os dados, incapaz de analisá-los com seriedade, com os olhos voltados excessivamente para o passado, demonstram que o governo não desceu do palanque da oposição irresponsável e tenta convencer por um discurso vazio e primário, descomprometido com os resultados. Como se não fosse governo e tivesse que provar competência com trabalho. Sem ter o que mostrar, condena o que foi feito, sem pensar pra frente. O que mais assusta é que não há perspectiva de melhora, de avanço no desempenho, pois para isso é preciso primeiro reconhecer, com humildade, seus próprios erros e começar a governar, mostrando dados concretos e confiáveis e não mais conversa fiada, de quem promete entregar depois. Será que a Bahia vai pagar pra ver ?