O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou nesta sexta-feira, em entrevista ao Jornal do Terra, que sente "muita preocupação" com a saída de senadores de seu partido. Ele se referia aos parlamentares Marina Silva (AC) e Flavio Arns (PR) que deixaram a sigla em meio aos escândalos do Senado.
Marina Silva anunciou na quarta-feira que deixa o PT após 30 anos de filiação partidária. Ela foi convidada para integrar o PV, partido que quer lançá-la candidata à Presidência da República em 2010. Flávio Arns anunciou sua saída depois que o PT ajudou a arquivar todas as denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética.
"A saída da Marina silva para mim é um sofrimento. Marina Silva, nesses 30 anos como uma companheira discípula de Chico Mendes, é uma pessoa que é um símbolo, patrimônio do Brasil, reconhecida internacionalmente", afirmou Suplicy. "Flávio Arns também é um valor para o partido", disse.
Conselho de Ética
Sobre a sequência de escândalos no Senado, Suplicy afirmou que recebe cerca de 1 mil e-mails por dia de pessoas indignadas "com razão". O senador paulista voltou a dizer que defende o afastamento de Sarney da presidência da Casa e que votaria pelo desarquivamento de pelo menos uma representação contra o peemedebista, conforme sustentava o líder do PT na Casa, Aloizio Mercadante (SP).
GABEIRA IRONIZA MERCADANTE
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) ironizou, em seu Twitter, a permanência do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) na liderança do partido no Senado. "Pobre Mercadante: até para sair da liderança tem que pedir autorização ao Lula", afirma Gabeira.
Mercadante pensou em deixar a liderança, segundo interlocutores, após ser desautorizado pelo partido na votação do Conselho de Ética, em que foram rejeitados os recursos contra o arquivamento das 11 denúncias e representações apresentadas contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
"Coitado do Mercadante, até o irrevogável é revogável", afirmou o deputado em outra postagem, em referência à fala de Mercadante de que sua saída da liderança era "irrevogável". Ele recuou após apelo do presidente Lula
"Durante o Conselho de Ética, eu declarei que teria votado pelo recurso. Sugeri diversas vezes ao Sarney que deixasse a presidência para ir ao Conselho de Ética. O melhor que ele poderia fazer para resolver os problemas do Senado seria ele tomar a deliberação de deixar a presidência. (Desde a volta do recesso,) Não conseguimos ter uma sessão no Plenário para votar assuntos importantes. Não sei se será possível voltar à normalidade na próxima semana".
Segundo o senador, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, contrariou Mercadante, orientando o voto pró-Sarney, sob a justificativa de que o partido deveria garantir a "governabilidade", com o apoio do PMDB. "De que adiantará assegurar uma coligação com o PMDB, se com isso vamos enfraquecer nosso próprio partido, nossa própria história?", disse Suplicy, que quer se reunir com Lula e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para expor as questões. "Eu quero dizer que esse procedimento não nos ajuda".
O senador criticou o voto por fisiologismo e defendeu que cada parlamentar deve defender suas convicções. "Dói na minha alma, no meu coração, na minha carne e pele, e quero muito ver o dia em que o presidente da republica, seja o presidente Lula ou outro, dizer 'votem sempre de acordo com suas convicções', e nunca porque houve tal designação de pessoa para tal ministério (...). Aprendi a agir dessa maneira como a mais correta, e não vejo pq votar como fisiologismo".