Em discurso na tarde de ontem (04) na Assembléia Legislativa da Bahia, o deputado Isaac Cunha (PT), funcionário licenciado dos Correios, saiu em defesa do monopólio da empresa para entrega de correspondências comerciais e encomendas, objeto sobre o qual se debruçam os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) essa semana.
 
"O que estão chamando simplesmente de quebra do monopólio dos Correios é, em verdade, a quebra dos Correios", afirmou o parlamentar, que também apresentou hoje uma Moção de Protesto na Casa.  

O STF adiou para hoje (05) a decisão final que julgará uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental ajuizada, em 2003, pela Associação Brasileira de Empresas de Distribuição (Abraed), que contesta a Lei 6.538/78 e quer restringir o monopólio postal da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos à entrega de cartas.

Isaac crê que essa movimentação é uma tentativa de implementar novamente uma agenda neoliberal no país: "Querem estabelecer que a parte mais lucrativa da cadeia, que corresponde a aproximadamente metade da arrecadação dos Correios, passe a ser controlada inclusive por empresas estrangeiras, causando desemprego em massa e a privatização de uma empresa que, assim como a Petrobras, vem sofrendo virulentos ataques do grande capital internacional".

MOVIMENTO ORQUESTRADO

Para o deputado, trata-se de um movimento orquestrado. "Em política não existe coincidência. Jabuti não sobe em árvore. Se alguém enxergar um Jabuti numa árvore é porque alguém o colocou lá", disse Isaac, lembrando que é justamente o serviço de entrega de encomendas que viabiliza hoje à ECT a realização de entrega de cartas no interior do país, um serviço que não tem lucratividade.

"Está claro que é uma tentativa de enfraquecer a estatal de modo a torná-la obsoleta e incapaz de prestar os serviços que fizeram dela a empresa brasileira com maior credibilidade e aprovação dos consumidores", finalizou Isaac.