Política

BRASIL E VENEZUELA NÃO CHEGAM A ACORDO PARA CONSTRUÇÃO DE REFINARIA

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| 26/05/2009 às 16:28
Lula brinca com Chavez que quer ser presidente da Petrobrás com Dilma presidente
Foto: Manu Dias
   O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou nesta terça-feira, 26, após cerimônia de assinatura de acordos com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em Salvador (BA), que não tenha sido possível concluir acordo entre a Petrobras e a petrolífera venezuelana PDVSA para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.


  Segundo o presidente, que comemorou a assinatura de vários acordos comerciais, "só não foi possível concluir acordo entre Petrobras e PDVSA porque são duas moças muito bonitas e muito fortes que disputam palmo a palmo".


  Lula disse que no máximo em 90 dias, os dois países devem retomar as negociações para um acordo não apenas para construção da refinaria, mas para a atuação da Petrobras na Faixa de Urinoco, no país vizinho.


  "Se a construção da Muralha da China demorasse tanto, acabaria a humanidade e não teríamos a Muralha da China", brincou o presidente.


   VAZAMENTO

  A nova tentativa frustrada de chegar a um acordo entre os dois países já havia sido adiantada devido a uma vazamento da discussão entre os dois presidentes com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, por meio do sistema de tradução montado para a entrevista coletiva, prevista para logo depois do debate.


  A falha no sistema permitiu que os jornalistas acompanhassem as dificuldades da negociação realizada durante encontro reservado entre os três participantes em um hotel, em Salvador (BA).

O governo venezuelano deveria entrar com 40% dos US$ 4 bilhões previstos para a construção da refinaria, mas até agora só o governo brasileiro investiu na obra. Isto porque a Venezuela tem feito exigências, como o direito de comercialização no Brasil de petróleo importado da Venezuela. Mas as regras brasileiras determinam que só quem pode vender internamente é a Petrobras.


Por meio do sistema de som, foi possível identificar a decepção de Chávez. Ele lamentou que os dois países não tenham sido capazes de fazer um acordo. O presidente da Petrobras esclareceu que três pontos ainda dependem de mais discussões: custos de investimento, comercialização do produto e o preço do petróleo.


Chávez reclamou. "Lamentável não sermos capazes de fazer um acordo. Confesso que estou frustrado. A culpa é dos dois governos", afirmou. 


Questionado, em entrevista coletiva logo após os discursos, sobre o que teria impedido novamente um acordo entre as duas petroleiras, Lula brincou ao comparar a negociação das empresas ao filme "Duelo de Titãs". O presidente, no entanto, disse estar confiante de um acordo em 90 dias.


FALHA REVELA CONVERSA

Uma falha da equipe de assessoria de imprensa da Presidência da República permitiu que jornalistas tivessem acesso ao áudio de uma reunião fechada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o colega venezuelano Hugo Chávez, em Salvador, na Bahia. Durante a conversa, Chávez lamenta que os acordos de estratégia e de energia entre os países não estejam saindo.

Em tom de brincadeira, Lula responde: "Calma, Chávez, se eu eleger a Dilma, esses acordos vão sair. Eu vou ser o presidente da Petrobras e o Gabrielli (José Sérgio Gabrielli, atual presidente da empresa) será meu assessor".


Chávez ainda respondeu, também em tom de brincadeira: "e eu vou fazer o quê? Eu não quero fazer nada". A falha aconteceu quando a equipe distribuiu rádios para que os jornalistas acompanhassem a tradução simultânea de um encontro dos dois presidentes com a imprensa. O áudio dos equipamentos deu acesso à conversa entre os líderes. Os rádios funcionaram por cerca de três minutos, até os assessores recolherem as baterias dos equipamentos.


Os dois presidentes se reuniram no Hotel Pestana, em Salvador (BA). O encontro faz parte das reuniões trimestrais que os dois líderes governamentais realizam desde 2007. Na segunda-feira, Lula recebeu o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, também em Salvador.


A programação de Chávez em Salvador prevê a assinatura de uma carta de intenção com o governo baiano, com o objetivo de dividir experiências nas áreas de administração pública, turismo, programas sociais e cultura. A contribuição também deve abranger a esfera federal. Chávez conta com o apoio da Caixa Econômica Federal (CEF) para criar uma rede bancária pública e um sistema de financiamento de casas populares na Venezuela.


A pauta ainda conta com três assuntos principais: a adesão venezuelana ao Mercosul, a construção de uma refinaria binacional em Pernambuco e a ampliação de linhas de financiamento do BNDES à Venezuela.


No Palácio de Ondina, Chávez e Lula assinam ainda, às 17h, uma carta de intenção com a finalidade de trabalhar em conjunto em setores de interesse comum entre os dois países. No final do dia, está previsto o retorno do presidente Hugo Chávez a Caracas, a capital venezuelana.


O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), também participa do encontro e assina um memorando com o governador do Estado venezuelano de Arágua, Rafael Eduardo Isea, para cooperação nas áreas de desenvolvimento econômico e tecnológico, cultura, esporte, turismo, educação e saúde