Política

PT QUER PRESENÇA DE WAGNER MAIS FORTE NA CAMPANHA DE 2º TURNO

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| 06/10/2008 às 12:20
João volta a atacar Pinheiro e o PT culpando-os de não vencer no primeiro turno (F/João Alvarez)
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   Duas declarações feitas ainda no calor das vitórias parciais na noite de ontem, 5, dos candidatos vencedores ao segundo turno, João Henrique (PMDB) e Walter Pinheiro (PT), revelam que, no caso de João, ao se referir a traição do PT ao seu governo impedindo-o de vencer a eleição no primeiro turno, o clima continuará tenso; e em relação a Pinheiro, praticamente pedindo ao governador que seja mais claro e se posicone melhor no segundo turno, o petista quer um apoio mais direto de Wagner.

   Veja declaração de Pinheiro enviada por sua assessoria: "Não posso usar minha campanha pra decidir o que o governador deve fazer com sua base. Vou tocar a campanha apresentando propostas para a cidade e não para fazer pressão para as eleições de 2010". 

   Como Wagner se posicionou após a conclusão do pleito situando que os dois candidatos de sua base estão no segundo turno, com a derrota de ACM Neto (DEM), aos petistas ligados a Pinheiro soou com uma declaração de neutralidade. E isso eles não querem porque João manteve em direção a Pinheiro a pecha de "traidor" e Geddel, como fez no primeiro turno, vai apoiar João a todo gás.

  Ao Terra Magazine, com Bob Fernandes, o governador comentou que (...) Ou apenas os candidatos e seus partidos conduzem as campanhas e os vários níveis do Executivo, os representantes do Executivo, não sobem no palanque, ou sobe todo mundo. (...) Ou ficamos todos nós de fora ou entrarão todos, e não apenas eu e o ministro Geddel. Ou não entrariam na campanha nem o governador nem o ministro, ou entraríamos todos...

Nos casos onde PT e PMDB disputam, o que faria o presidente Lula?


  Proposta de Jaques Wagner, ainda segundo o Terra Magazine:


  - Ele não entra, mas, independente disso, se optar por manter sua base mais distante dos palanques, deve dizer aos ministros que também não entrem. Aí não entraria ninguém, só os candidatos e os partidos.


   COMENTÁRIO
   DO BAHIA JÁ

   Pelas declarações de João e conhecendo-se a prática política de Geddel e do PMDB na Bahia, onde o partido trabalha visando 2010, o governador deve arregarsar as mangas o quanto antes e sair da teoria e entrar na prática.

   O PT quer uma posição mais clara. Agora não tem mais Imbassahy, o qual, em tese também estava na base do seu apoio, nem ACM Neto. E, a rigor, todo mundo sabe que o furo é mais embaixo e a disputa maior se situa em 2010.

   Prova disso é que a campanha do PMDB, no primeiro turno, "bateu" mais no PT do que em Neto. E o PT, de sua parte, fez o mesmo.


  A seguir, os principais trechos
  da conversa com o governador da Bahia
  com Bob Fernandes

Terra Magazine - Governador, os seus resultados aí na Bahia...

Jaques Wagner
- ...Foram muito bons. Ainda não é possível saber de todo o estado, mas no cinturão muito importante de Salvador, ganhamos em Camaçari, com o Luis Caetano, em Lauro de Freitas, com a Moema, em Cruz das Almas... Em Salvador, tivemos um grande resultado com o Walter Pinheiro indo para o segundo turno. No interior ainda é cedo para termos o mapa todo, mas do que já é conhecido, nos grandes municípios perdemos em Alagoinhas, onde ganhou o Paulo César do PSDB, mas é da minha base. Em Itabuna, ganhou o Capitão Azevedo, que é do DEM.


Perderam em Feira de Santana...


Mas aí não houve surpresa, e ganhamos em Vitória da Conquista e em outros municípios importantes, o PSB ganhou em Ilhéus...acho que fomos bem, temos uma base ampla e fomos bem. Especialmente em Salvador.


O Walter Pinheiro, do PT, começou com apenas 3%... mas esse resultado coloca dois candidatos da sua base e do presidente Lula, Pinheiro do PT e o prefeito João Henrique, do PMDB do ministro Geddel e da sua base, um contra o outro. Coloca, portanto, um grande problema, embora não seja um problema apenas daí da Bahia como sabemos.


São várias leituras. A primeira delas é muito positiva porque o Pinheiro saiu lá de baixo e está no segundo turno. Uma outra leitura, a que você coloca, é como administrar o problema que surge com enfrentamento entre candidatos de partidos que compõem a base do presidente e, aqui na Bahia, a minha base também.


Mas não apenas na Bahia, né?

Não. Esse problema está posto em Belo Horizonte e em Porto Alegre , por exemplo.


E aí, como fica?


O problema é saber como vamos nos comportar, o que vamos fazer, todos nós.


Todos nós quem?


Os governadores, os ministros, os representantes do Executivo no plano federal e no estadual.


Aí na Bahia...


O que eu vejo, o que proponho agora, vale não apenas para a Bahia. Ou apenas os candidatos e seus partidos conduzem as campanhas e os vários níveis do Executivo, os representantes do Executivo, não sobem no palanque, ou sobe todo mundo.


Leia-se: aí na Bahia, ou o governador Jaques Wagner do PT e o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) do PMDB ficam de fora da campanha formalmente, não sobem nos palanques, ou Jacques Wagner e Geddel se jogam na campanha e salve-se quem puder?


É isso, essa é minha proposta. Ou ficamos todos nós de fora ou entrarão todos, e não apenas eu e o ministro Geddel. Não entrariam na campanha nem o governador nem ministro, ou entraríamos todos...


Ué, e quem mais entraria? O presidente Lula?


Não, o presidente Lula, não. O presidente não entraria, mas se um de nós entrar, os demais ministros que quiserem também entrarão na campanha.


Isso vale não apenas para a Bahia?


A princípio sim, embora cada estado, cada cidade tenha as suas particularidades.


Se bem entendi, o que está propondo é que ou o ministro Geddel e o governador Wagner ficam de fora da campanha, dos palanques, ou se ele entrar você entra também e junto entrariam outros ministros?


É isso aí.


E o presidente?


Ele não entra, mas, independente disso, se optar por manter sua base mais distante dos palanques, deve dizer aos ministros que também não entrem. Aí não entra ninguém.


Aí na Bahia, o PMDB do ministro Geddel é parte de seu governo e da maioria na Assembléia. Essa disputa entre o prefeito do PMDB e um candidato do PT antecipa 2010?


Pode ser, mas não obrigatoriamente. Como disse, outras cidades como, por exemplo, Belo Horizonte e Porto Alegre vivem agora a mesma situação.


Na sua recente viagem a Nova Iorque com o presidente vocês discutiram esse dilema da disputa na base, de PT e aliados versus PMDB?


Conversamos mas não exatamente sobre isso porque ainda estava longe. Era muito difícil prever resultados, mesmo esse de Salvador, e o segundo turno em Belo Horizonte , por exemplo.


E o presidente, na sua opinião?


Nessas situações o presidente estará fora dos palanques.