Em comício realizado na noite de ontem (27) pelo candidato a prefeito Walter Pinheiro foi a maior demonstração de força da sua campanha, segundo definiu ele próprio e todos os oradores, porque conseguiu colocar uma multidão no Farol da Barra, local que se tornou o marco dos finais das campanhas do presidente Lula, em Salvador, em 2003, e do governador Jaques Wagner, em 2006.

O público estimado pela coordenação em milhares de pessoas impressionou o prefeito de Recife, João Paulo Lima e Silva (PT), que fez um discurso animador, comparando o crescimento e a candidatura de Pinheiro em Salvador com a sua trajetória na capital pernambucana.
 
"Sofri muitos ataques e agressões da oligarquia, mas o povo de Recife é revolucionário, igual ao povo de Salvador", enfatizou o prefeito João Paulo, que chegou a ter a sua condição de disputa menosprezada pelos adversários, que apostaram que ele não chegaria ao segundo turno.
 
"Realmente não chegamos ao segundo turno. Ganhamos no primeiro", completou, bastante aplaudido. O prefeito disse que representava também o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que enviou mensagem para o candidato petista baiano: "O nosso governador está torcendo por Pinheiro", afirmou. 

 MOBILIZAÇÃO
 
 A força da militância e a capacidade de mobilização da coligação "Salvador - Bahia - Brasil" (PT, PSB, PC do B, PV) foi destacada pela candidata a vice-prefeita, Lídice da Mata, que fez referência também ao primeiro comício realizado no sábado da semana passada, no Subúrbio.

"Nenhum outro candidato conseguiu fazer dois comícios com o público que temos, sem show e sem banda, como era a tradição deles antigamente", disse. O deputado federal Nelson Pelegrino falou do simbolismo que o Farol da Barra se tornou para as campanhas  do PT e concluiu: "Salvador veio aqui para dizer que já escolheu o melhor. Escolheu Pinheiro!".

Arrancada final

A multidão empolgou os diversos oradores, dentre os mais entusiasmados o ex-ministro Waldir Pires, que externou a sua emoção dizendo: "É enorme a alegria na alma nesse encontro ao lado de Pinheiro e Lídice. Estou convencido de que a gente vai transformar Salvador, como estamos transformando o Brasil e a Bahia". A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) foi a primeira a mostrar empolgação, quando convidou o público para "reproduzir a emoção vivenciada no Farol da Barra, nos comícios de Lula e de Wagner".
 
No palanque, a secretária da Casa Civil do Governo Wagner, Eva Chiavon, que foi adjunta do Ministro das Relações Públicas, comentou sobre a destacada participação de Pinheiro como coordenador da bancada do PT: "Ele sempre foi muito parceiro do nosso governo. Estou apostando nessa conexão Brasil-Bahia-Salvador, num projeto para todas as instâncias de governo, que se traduz numa importante parceria". Já o secretário estadual de Relações Institucionais Rui Costa disse que "o comício refletiu o momento de arrancada final de Pinheiro para chegar em 1º lugar, como o mais votado, no segundo turno". 
 
Pinheiro destacou que suas principais propostas foram apresentadas com muita cautela e responsabilidade durante a campanha, mostrando sempre o factível para realizar em quatro anos "e não obedecendo à lógica de varejão, como se estivesse vendendo mercadorias". E acrescentou: "para resolver a questão do déficit habitacional em Salvador, por exemplo, a cidade precisa de um prefeito que tenha compromisso com a verdade e que coloque recursos no Fundo Municipal de Habitação, sem criar ou negociar expectativas futuras, enganando a população com propagandas".
 
Ele falou dos pais retirantes, da constituição de sua família, de sua trajetória no Subúrbio, onde nasceu e morou, e da sua luta como trabalhador, sindicalista e político. "Eu lutei desde cedo. Tenho carteira de trabalho. Não ganhei de presente cargo na esfera pública", disse o prefeiturável, que citou como exemplo de coerência e probidade o ex-ministro Waldir Pires, desafiando "alguém capaz de levantar uma vírgula que possa manchar a honra desse homem na vida pública".

Coronéis

Sobre a democracia interna praticada no Partido dos Trabalhadores, Pinheiro classificou como a "maior virtude também dos partidos aliados" e lamentou que existam políticos que "até mudam de partido por que necessitam de coronéis". Ele discursou sobre sua relação histórica com o presidente Lula e o governador Wagner na construção do PT e na luta pela democratização do País, lembrando que não tem com Lula "uma relação de subserviência e sim de companheirismo. Não preciso posar, de última hora, na foto com o presidente".
 
"Começamos a campanha sem tocar na vida de ninguém, a gente falou da vida das pessoas que levam Salvador no peito", disse o candidato, antes de encerrar sua fala no comício que reuniu, no palco, deputados federais e estaduais, secretários estaduais e dirigentes de órgãos e empresas do governo estadual, além de presidentes e candidatos a vereador dos quatro partidos da coligação. E fez um chamamento especial à toda militância: "Não tire sua bandeira do ombro até o dia 05. Bote a estrela no peito, converse com as pessoas, mostre que a cidade tem a chance de ter um presidente do PT, um governador do PT e um prefeito do PT. Vamos à vitória!".