FALTA PLANEJAMENTO
O evento foi aberto pelo arquiteto Carl Hauenschild, que fez um breve retrospecto da história urbanística de Salvador desde o século XVI até os graves problemas atuais. Ele apontou alguns desses problemas que afetam a metrópole de dois milhões e oitocentos mil habitantes: Salvador sofre com ausência de projeto de cidade e com a falta de planejamento de visão de longo prazo.
O arquiteto lembrou que a última experiência de planejamento de largo alcance ocorreu na década de 1940, com o EPUCS - Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador, capitaneada pelo arquiteto Mário Leal Ferreira, que legou o Plano Diretor da Cidade (1948). Nele está previsto a abertura das avenidas de vale e outras intervenções importantes. Foi um plano que projetou a cidade para o futuro e que continuou sendo usado como referência até a década de 1980.
A inexistência atual de planejamento estratégico, na visão do arquiteto, produz um crescimento urbano em que prevalece a desarticulação entre a cidade e o meio ambiente; a exploração dos recursos guiada por uma visão imediatista; e uma gestão pública atropelada por interesses individuais. Quais são os projetos de cidade para os próximos 40 anos, em termos de gestão, transportes, habitação e outros aspectos da gestão da cidade?, perguntou. Carl apontou também como graves problemas urbanísticos, a expansão horizontal descontrolada de condomínios fechados que se apropriam de áreas públicas. Para Carl o desgaste do capital ambiental de Salvador é irrecuperável. Diante desse quadro, ele pergunta, daqui a 40 anos qual a cobertura vegetal que teremos em Salvador?
FALTA GESTÃO
Na sua fala inicial, Walter Pinheiro considerou que a inexistência de planejamento de longo prazo decorre, antes de tudo, da falta de gestão da cidade. "Vamos promover profundas alterações na gestão pública de Salvador. A secretaria de Planejamento atuará realmente no planejamento, pondo fim a tarefa de esquartejar a cidade para a venda de terras públicas", criticou.
Pinheiro apontou a qualificação profissional dos servidores públicos, a profissionalização do serviço, o uso de tecnologias avançadas, o fim da precarização das relações de trabalho, com o excesso de serviços terceirizados; a contratação via concurso de novos servidores como algumas das medidas que visam recuperar a capacidade gerencial da prefeitura para enfrentar o atual momento.
A utilização do Estatuto das Cidades como instrumento de gestão também foi apontado por ele, que garantiu realizar nos primeiros meses de 2009 a Conferência da Cidade e organizar o Conselho da Cidade, que coordenerá a elaboração "do diagnóstico e ajudará a pactuar os interesses para superar os desafios", disse.