Política

TASSO FRANCO COMENTA MOMENTOS DE 2006/2008 E AS PESQUISAS DE OPINIÃO

Vide
| 11/08/2008 às 11:23
  Cada candidato a prefeito de Salvador tem seu argumento sobre as pesquisas divulgadas até agora pelos institutos Vox, Ibope e DataFolha.

  Evidente que essas pesquisas retratam momentos da campanha, entre a segunda quinzena de julho até início de agosto, portanto, os trinta primeiros dias. 

  Ao todo, entre 7 de julho (data de início da campanha) e 4 de outubro (data do término) serão 90 dias. Portanto, a disputa pelo voto está só começando e pesquisas iniciais não representam a vitória nas ruas.

  Mas, revelam tendências e como já foram quatro até agora, há sinais que devem ser observados pelos candidatos sem menosprezar os institutos e os estudos feitos por eles.

  Os comparativos feitos por Walter Pinheiro (PT) em declarações à imprensa relacionando o quadro atual com a campanha de Wagner (2006) e até com a de Lídice (1992), têm algum sentido, porém, não devem ser levadas ao pé-da-letra porque são momentos distintos, situações com características diversas, sobretudo em relação a 2006.

  Naquele ano, havia um sentimento enorme de mudança no modelo de gestão do "carlismo", centralizado em ACM, o que também se verificou em 1986 na campanha entre Waldir Pires x Josaphat Marinho. Além disso, Lula representava um fenômeno e sua posição era bem definida contra a perpetuação do "carlismo".

  Em Salvador, hoje, é certo que o candidato do PT ainda deverá crescer seu percentual nas pesquisas, mas, tem que levar em consideração o desgaste de ter sido governo aliado de João Henrique durante três anos e meses, comandando uma pasta estratégica (Saúde) com resultados sofríveis.

  Esse desgaste, Wagner não teve em 2006, além do que, Lula (na cabeça do eleitorado) não estava dividido como está agora, com João Henrique e o candidato do PT. 

  Uma outra argumentação de Pinheiro dando conta de que Pelegrino tinha 17% no início de setembro, em 2000, e atingiu 37% dos votos válidos na disputa com Imbassahy, também é correta. Mas, esquece Pinheiro de citar que o mesmo Pelegrino, em 2004, não passou de 21.3% dos votos válidos, ficando atrás de César Borges e João Henrique, não indo ao segundo turno.

   Observe-se, ainda, que o PT está governando a Bahia desde janeiro de 2007 e os resultados do Vox Populi (A Tarde, 20/7) apontam que o governo Wagner só tem 22% de aprovação ótimo/bom na capital. Daí que há esse desgaste ou pelo menos uma expectativa na cabeça do eleitorado, de que o governo não é tão como ele esperava e deu seu voto em 2006.

  Os tempos entre 2006/2008 são diferenciados. O PT está na campanha com parte do seu teto como vidraça, Lula ainda é um fenômeno eleitoral mas a Vox/A Tarde do último domingo mostrou uma queda de sua transferência de votos. Ainda assim, a dupla Wagner/Lula é o melhor cabo-eleitoral para o candidato do PT.

  A argumentação de Pinheiro sobre os percentuais das pesquisas representam um alento e nada mais do que isso. Não se sustentam na história.

  Há, no cenário em disputa, novos ingredientes e cabeça de eleitor muda muito de ano para ano. Por enquanto, o melhor é continuar gastando sola de sapato. Mais adiante, teremos uma idéia mais precisa do quadro. Nada definido, ainda.