Política

WALTER PINHEIRO FAZ ENCONTRO COM REPRESENTANTES DO POVO-DE-SANTO

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| 07/08/2008 às 23:28
Walter Pinheiro com mães e filhas de santo, no encontro desta quinta (F/João Alvarez)
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 Com cânticos saudando os Caboclos - os donos da terra -, os orixás da nação Keto e os inquices de Angola, representantes de mais de 50 terreiros de candomblé iniciaram o Encontro de Lideranças Religiosas com o candidato a prefeito Walter Pinheiro, da coligação "Salvador - Bahia - Brasil" (PT, PSB, Pc do B, PV), hoje (dia 7) à tarde no auditório do Museu Eugênio Teixeira Leal, no Pelourinho, que ficou completamente lotado.

  O evento foi organizado pelas entidades Acbantu, Koinonia, Kimura e Intecab, com o objetivo de conhecer as propostas do petista para os povos de terreiros.

Pinheiro reconheceu que os terreiros de candomblé têm profundas ligações com a história da ocupação de Salvador, convidou as lideranças religiosas a contribuírem com a elaboração do seu programa de governo e explicou que a sua trajetória política e a da sua candidata a vice Lídice da Mata - também presente no evento - falam mais alto do que promessas de campanha.

  O petista é autor da lei que altera o Código Civil para garantir a liberdade de culto religioso no Brasil e, em 2006, articulou a inclusão no Orçamento da União de R$ 6 milhões para a recuperação do Parque São Bartolomeu - território sagrado para o candomblé - e para obras de infra-estrutura em terreiros de Salvador.


VISÍVEIS 

O líder religioso Raimundo Komananji lembrou ao candidato que o povo dos terreiros "é especial, invisível e esquecido" e que o governo do presidente Lula foi quem adotou políticas que estão "nos tornando visíveis". Apesar de declarar apoio a Pinheiro, Komananji lembrou que "nenhum partido ou político pode falar em nome do candomblé".
 
O candidato admitiu que é "fácil escrever um programa que agrade ao povo de santo", mas que ele abomina "a prática de usar a religião para atrair votos". Pinheiro disse também que os partidos de esquerda que compõem a sua coligação são portadores de um legado histórico, que será transformado em políticas públicas com a sua eleição.


A tentativa da atual gestão municipal de cobrar IPTU do terreiro da Casa Branca - tombado pelo patrimônio histórico - e de outras casas de santo foi duramente criticada por várias lideranças religiosas. "Isto é racismo institucional do atual prefeito, é um atentado contra todos os terreiros de candomblé, estão jogando no lixo a Constituição", protestou o antropólogo Ordep Serra, ogan da Casa Branca e dirigente do Intecab. Ele denunciou também o comportamento de agentes comunitários de saúde que se recusam a entrar em terreiros de candomblé para fazer o controle de zoonoses e adotar medidas de controle sanitário. "Isto é racismo e intolerância, o diabo está na cabeça de quem tem medo dele", afirmou o antropólogo.


Reestruturar a gestão pública do município, combater o racismo e a intolerância religiosa, qualificar os servidores municipais para superar o racismo institucional, fazer a regularização fundiária dos terreiros e respeitar a legislação brasileira, que proíbe a cobrança de impostos de templos religiosos foram os compromissos assumidos pelo candidato. 

Pinheiro disse também que a prefeitura trabalhará com escolas, igrejas, terreiros e outras instituições locais para obter maior capilaridade das políticas públicas. E que atuará na geração de trabalho e renda estimulando atividades artesanais ligadas ao universo cultural do candomblé, como fabricação de instrumentos musicais e de objetos inspirados na identidade visual da religiosidade de matriz africana.