"A vida de Waldir Pires encerra todos os requisitos para a concessão da medalha João Mangabeira. De sua defesa incessante da democracia, do Estado de Direito, ao compromisso com as transformações sociais do Brasil". Dessa forma, a deputada Marizete Pereira (PMDB), defendeu, na justificativa do projeto de resolução apresentado por ela na Assembléia Legislativa, a concessão do título.
Para ela, a homenagem a Waldir Pires ainda teria outro efeito: "O vincularia a João Mangabeira, líder socialista brasileiro, que tem em comum com Waldir o idêntico idealismo, o ânimo de lutar, sem descanso, pela construção de um país sem injustiças - sociais, políticas e humanas".
HISTÓRICO
Francisco Waldir Pires de Souza nasceu em 21 de outubro de 1926, na cidade de Acajutiba/BA. Aos 16 anos mudou-se para Salvador, onde iniciou sua vida política no movimento estudantil, dentro da campanha anti-fascista. Foi orador da turma de Direito de 1949, ano do Quarto Centenário de Salvador. Orador brilhante, chamou a atenção da platéia que lotava as dependências do Fórum Ruy Barbosa. Entre os presentes, o governador Octávio Mangabeira, Antonio Balbino e Régis Pacheco. Este último se elegeria para o governo do Estado em 1950 e, guardada a boa impressão do orador e sob a indicação de Balbino, convidou Waldir Pires para ser secretário de Estado, cuidando das relações civis. Contava com apenas 23 anos. Em 1954, Waldir se elegeu deputado estadual. Em 1958, venceu a eleição para deputado federal e se credenciou como candidato ao governo do Estado, em 1962, mas perdeu para Lomanto Júnior. Em 1963, a convite do presidente João Goulart, foi consultor geral da República.
"Com o golpe de 1964, Darcy Ribeiro e Waldir, num gesto a não ser esquecido, foram os últimos a deixarem o Palácio do Planalto. Resistiram até o fim. Num monomotor, cedido pelo deputado Rubens Paiva, partiu para o exílio no Uruguai. De lá, para a França, onde amarga o afastamento do país e a derrota provisória de seus sonhos geracionais. Seria cassado na primeira lista dos militares. Em Paris, voltou a exercer o ofício de professor de Direito", contou Marizete no documento.
Na década de 1970, retornou ao Brasil, onde participou do processo de redemocratização. Em 1985, foi nomeado ministro da Previdência, no ministério composto por Tancredo Neves. Em 1986, é eleito governador da Bahia com uma frente de 1,5 milhões de votos sobre Josaphat Marinho (PFL), candidato governista apoiado pelo então governador João Durval e por Antonio Carlos Magalhães, então ex-governador indicado pelos militares.
Em 1989, disputou a convenção nacional do PMDB para ser candidato à presidência da República. Perdeu para Ulysses Guimarães. Adiante, firmaram uma aliança e Waldir seria vice da chapa de Ulysses à Presidência.
Em 2002, com a vitória de Lula, foi convidado para a Controladoria Geral da União (CGU), onde iniciou um trabalho inédito de fiscalização das verbas federais. Por causa da excelência de seu desempenho na CGU, o presidente Lula o convidou, em 2006, para o Ministério da Defesa, com o afastamento do vice-presidente José Alencar. Na Defesa, encontrou uma crise do setor aéreo.
Da falência da Varig à greve dos controladores de vôo, num sistema há muito saturado. Dois acidentes aéreos agravaram a crise. "Desde o princípio, Waldir Pires defendeu a desmilitarização do controle aéreo, enfrentando fortes resistências entre os militares e a oposição. Elaborou um plano de reforma do setor aéreo, ainda hoje implementado pelo ministro Nelson Jobim", concluiu ela. |