Política

GOVERNO COMPLETA 100 DIAS C/ AÇÕES TÍMIDAS E DESPROPORCIONAIS ÀS URNAS

Governador Wagner será mais cobrado a partir da terça-feira, 10/4
| 08/04/2007 às 18:29
O governador Wagner ainda não apresentou novos projetos p/ Bahia (F/G)
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O governo Jacques Wagner (PT) estará completando 100 dias nesta terça-feira, 10, e à exemplo do que aconteceu com Waldir Pires, então PMDB, governador em 1986, criou-se uma expectativa muito forte de mudanças, a partir da campanha de 2006, mas, até agora, são tímidas as ações governamentais nesse sentido.

   Causa decepção, entre alguns segmentos alinhados com o governo e com a população de uma forma geral, a reinauguração da Cesta do Povo e sua apresentação na pauta de realizações, programa antigo e considerado superado como regulador de preços do mercado da cesta básica, eficiente numa determinada época em que o monopólio se concentrava nas mãos de Mamede Paes Mendonça.

   Hoje, não teria mais sentido, sequer do ponto de vista político, uma vez que o chefe do executivo além de reinaugurá-la depois da instalação de uma CPI na Assembléia Legislativa para apurar possíveis irregularidades na EBAL, afirmou que a reabria "sem roubos". Declaração a qual, em tese, o obriga a dizer que são os ladrões.

    A rigor, considerando que o candidato Wagner foi eleito no início de outubro de 2006, credite-se, em termos de planejamento 200 dias de trabalho entre a transição e o governo propriamente dito, sem que, pelo menos até agora, tenham sido apresentadas novas idéias, novos projetos de relevância para o Estado.

    As quatro áreas estratégicas do governo - Planejamento, Educação, Saúde e Desenvolvimento - ainda não revelaram projetos estruturantes para o quatriênio de governo e a mensagem lida pelo governador na Assembléia Legislativa embora aponte novas diretrizes nos campos da transparência e da democracia, esse novo jeito de governar ainda não se tornou pérceptível à população.

    Pelo contrário, há um sentimento de frustração porque ainda não se instalaram as primeiras mudanças. O governo é lento, se comunica mal, algumas iniciativas que são boas se tornaram desgastantes à imagem do governador porque postas à sociedade de forma desorganizada e sem a devida transparência, e a área social tropeça na falta de um projeto integrado.

    O que está acontecendo, a olhos vistos, são ações que ou reprisam o passado - casos de contratações pelo Regime de Direito Administrativo, nomeações de diretores escolares por critério político, recusa ao pagamento do salário mínimo na base do pessoal estatal; ou são de uma mesmice já vivenciada - estatização dos serviços da saúde pública, cultura disseminada em todas as regiões do estado, cestas básicas para flagelados, nomeações de inter-parentes, promessas de melhores salários para os servidores públicos.

    Evidente que ainda é cedo para se fazer uma avaliação melhor do desempenho do governo e as pesquisas nacionais até então divulgadas pelo DataFolha só abrangeram os Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

     O governador Wagner entende que os 100 primeiros dias do seu governo têm uma avaliação positiva. Óbvio que sua opinião não poderia ser diferente, até porque, faz parte do seu dever de casa dar ânimo à equipe, motivar a turma para que tenha a cada dia um melhor desempenho.

    Faltam, também, pesquisas sobre esse período, salvo se o chefe do executivo as tiver e as mantenha sob controle para orientar a sua equipe. Mas, no boca-a-boca, no dia-a-dia, o que se ouve é exatamente a percepção de que o seu governo está tímido em relação a projetos para a Bahia. 

    Veja, por exemplo, o caso de Salvador. A cidade fez 458 anos no último dia 29. 

    Ora, como o governo do Estado está em seu primeiro ano justo seria apresentar algum projeto para a cidade, sem considerar os dois únicos de porte que estão em andamento: o metrô e a via portuária. Nada aconteceu e o governador ainda pagou um mico ao participar da inauguração do trem (amarelinho) do prefeito João Henrique, uma composição que dias depois entalou no túnel de Coutos.

    O governador Jacques Wagner continua devendo a Salvador e a Bahia um melhor desempenho de sua equipe, do seu governo. Por enquanto, está desproporcional à confiança que as urnas e a população lhe depositaram.