Política

EDUCAÇÃO: SECRETÁRIO MUDA DE OPINIÃO E DEFENDE INDICAÇÕES POLÍTICAS

O secretário Adeum Sauer está perdido em suas afirmações
| 21/03/2007 às 09:52
Secretário Sauer defende tese em dezembro de 2006; outra tese em março 2007 (F/Google)
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  Em 24 de dezembro de 2006, o então indicado secretário de Educação do Estado, Adeum Sauer, deu uma entrevista a repórter Regina Bochicchio, A Tarde (pág.16) afirmando entre outras citações, que pagaria melhor aos professores e daria fim ao REDA realizando concurso público para professores.
 
  Destacou Adeum, na época, que a educação seria tratada como uma questão de Estado e "trabalhá-la em conjunto com os municípios".

  Disse mais: que teria o compromisso de tratar a discussão de uma formação permanente e continuada de professores "porque não podemos compreender os agentes de educação, que são os professores, sem isso".

  Sem projetos para a educação, Adeum confessou a Regina que faria um planejamento estratégico no início de 2007, para discutir questões "porque temos que ser democrático". E que, em cima do diagnóstico dessa realidade "é que vamos montar nosso programa".

   Garantiu, ainda, que até meados de 2007 esse "processo construido coletivamente" estaria encerrado e haveria "uma grande conferência estadual para anunciá-lo".

  Usou a metáfora da bicicleta afirmando que a bicicleta (educação) era precária e continuaria pedalando e consertando-a.

   Salientou, também, que precisaria de pessoas qualificadas e que "tenham competência técnica e política", para fazer a ressalva: "só a técnica, vira burocrata; só política, vira um demagogo". 

   Finalmente, num dos trechos da longa entrevista, afirmou que seu lema era: "Quem vai executar é quem planeja; quem planeja deve ser quem executa".  

    TRÊS MESES DEPOIS

    Hoje, também em A Tarde, matéria de Biagio Talento, o secretário Adeum Sauer - empossado desde 1º de janeiro de 2007 - confirma uma portaria enviada aos diretores de escolas informando que "os novos dirigentes serão escolhidos considerando sugestões dos indicação dos partidos políticos, de lideranças comunitárias, representação sindical dos trabalhadores em educação, bem como análise do currículo acadêmico e do perfil dos futuros gestões".

    Ou seja, tudo o que disse o secretário em dezembro de 2006, em A Tarde, não valeu. A democracia foi para o espaço, o planejamento estratégico idem, concurso público não se fala e a sonhada gestão em rede será, obviamente, comprometida.

   A representante da Associação dos Professores Licenciados da Bahia (APLB), Olívia Mendes, considerou a atitude do secretário um retrocesso, sobretudo porque não se está levando em consideração a competência para assumir os cargos de direção, atropelá-se o processo de certificação criado pelo governo da Bahia, uma gestão democrática e aberta a todos, e praticamente rasga-se postulados estabelecidos no estatuto do magistério dos professores.