Cerca de 80 a 100 médicos promoveram uma reuinão no HGE, no turno da noite de ontem, quando discutiram que posição vão adotar em relação à proposta do atual secretário de Saúde do Estado, Jorge Solla, de suspender os contratos com a COOPAMED, instituir o regime do REDA, temporariamente, e realizar concurso público para preenchimento, como a própria SESAB anunciou através do site da Agecom, para mais de 3.000 médicos.
Entendem os médicos reunidos no HGE - todos concursados - que a intercompatibilidade como profissionais das especialidades de anestesistas, intensivistas, neonatologistas e ortopedistas vai trazer problemas para o bom funcionamento de vários hospitais na medida em que, alguns desses profissionais trabalham no Estado e também prestam serviços na COOPAMED. E, em muitos casos, ganham mais na COOPAMED do que no Estado.
Diante desses fatos, temem e acreditam que a suspensão dos contratos com a COOPAMED venha a gerar sérios problemas, uma vez que os concursados do Estado além de perderem dinheiro vão trabalhar somente nos horários que a legislação estadual determina. Ou seja, vão bater o ponto na SESAB, dar seus plantões e nada mais do que isso.
CONCURSO EM 2006
O ex-chefe da Agecom do governo Paulo Souto, jornalista João Paulo, disse que não são verdadeiras as afirmações de que a Bahia só tenha realizado concursos para preenchimento de vagas para médicos em 1992. Destacou que, em 2006, a SESAB realizou concurso para médicos reguladores de assistência (100 vagas) e auditores (50 vagas) e, mesmo assim, com os salários oferecidos pelo Estado houve uma baixa procura sendo que, das 150 vagas foram preenchidas apenas 59, ainda assim só compareceram para tomar posse 40.
O NOVO REDA
A expectativa dos profissionais em medicina é quanto ao conteúdo dos editais que serão divulgados - como prometeu o secretário Jorge Solla - se para a contratação do REDA vão haver provas ou se só serão com base na análise dos currículos.
Esse foi outro assunto discutido na reunião dos médicos, pois, esses entendem que se a contração pelo REDA se der somente através das análises curriculares, a transparência vai para o espaço. Esperam que a SESAB publique editais para o REDA com testes (prova montada por fundação insuspeita) e seleção curricular.
Também desconfiam de que o Estado tenha capacidade de promover um concurso público para contratar médicos para seu quadro efetivo, com salário base atual de R$1.800,00 para preencher mais de 3.000 vagas. Os médicos disseram na reunião que não existe essa quantidade de profissionais sobrando na Bahia e até mesmo os estados que já tentaram isso, como foram os casos do Rio de Janeiro e Ceará fracassam.
De toda sorte, vão aguardar os próximos passos da SESAB.
ESPECIALISTA
Na opinião de um especialista nessa matéria, que preferiu não ser identificado, porém, de capacidade reconhecida no setor, essa política estatizante imposta pelo secretário Jorge Solla poderá trazer, em futuro próximo, graves problemas no atendimento à população do Estado. Entende que esse é um problema muito complexo e que, hoje, uma parcela significativa dos médicos do Estado compõe as cooperativas, não só a COOPAMEB mas outras. E que o ideal, nesse caso, já que fazer concurso a curto prazo é uma proposição inviável, até sob o ponto de vista da SEFAZ, é contratar senão a COOPAMED uma outra cooperativa.