Com a ascensão de Gedel à condição de ministro muda correlação de forças na Bahia
Nelson Jobim se sentiu traido por Lula e renunciou à disputa no PMDB (Foto/Divulgação)
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Nas últimas 24 horas aconteceram movimentos políticos que já mexeram com a cúpula partidária do PMDB, a postura do ex-ministro Ciro Gomes e com a política baiana, a partir do momento em que o presidente Lula da Silva sugeriu que o deputado Gedel Vieira Lima será o novo Ministro da Integração Nacional e o recebeu, acompanhado do governador da Bahia, Jacques Wagner, em palácio.
A primeira consequência desse ato foi a renúncia do ex-ministro do Supremo, Nelson Jobim, que disputaria a presidência do PMDB domingo próximo contra Michael Temer, abrindo uma dissidência que põe num bloco o ex-presidente José Sarney, Jader Barbalho e o atual presidente do Senado, Renan Calheiros, de um lado; e o PMDB de Michael (que será acalamado presidente mais uma vez no domingo) e Gedel Vieira Lima e aliados, do outro, agora, no caso baiano com o beneplácito do governador Jacques Wagner.
O Palácio do Planalto também abriu uma dissidência com o ex-ministro Ciro Gomes, hoje deputado pelo PSB/CE, que tantava manter o atual ministro da Integração Nacional, Pedro Brito, na pasta e pelo visto não conseguiu. Brito esteve na Bahia, recentemente, anunciando verbas e projetos, os quais, a essa altura dos acontecimentos não valem mais nada. Brito, como se sabe e foi revelado aqui na Bahia, é um defensor "perpétuo" da transposição das águas do Rio São Francisco, projeto que passará, doravante, à cargo de Gedel.
POSIÇÃO DE TEMER
Agora a pouco o presidente do PMDB, Michal Temer, que será reconduzido à reeleição, disse para igênuos acreditarem que "ficou surpreso com a decisão de Jobim", mas, sua assessoria informou que ele não comentará o assunto, pois, deseja, até domingo, reunir os cacos das dissidências para conseguir a unidade. O que, no PMDB, todo mundo político sabe que é impossível.
GEDEL + WAGNER
Até agora, cabeças coroadas do PT na Bahia não estão entendendo porque está se dando esse fortalecimento de Gedel Vieira Lima com o beneplácito do governador Jacques Wagner já que se trata de um político de outro partido, o PMDB, que não reza na mesma cartilha do PT. Trata-se, a primeira vista, de uma postura que vai influenciar, decisivamente, nas eleições para governador, em 2010, ainda que Gedel venha a ter o desgaste (se for o caso) de arcar com a responsabilidade de encampar politicamente, a transposição das águas do São Francisco. No mais, também em primeira análise, Gedel ministro em pasta forte, significa que sua ascensão política no Estado será imediata e isso refletirá, sem dúvida, em 2010. Abre-se, assim, uma janela para Jacques Wagner ser o candidato do PT à presidência da República. (TF)