Política

CRIME DA SAÚDE: PREFEITO CRIA FACTÓIDES P/ DESVIAR ATENÇÃO DA IMPRENSA

O prefeito é mestre em marketing popular político
| 02/03/2007 às 11:13
Antes mesmo do camelódromo a Piedade já está ocupada por camelôs (Foto:AGP)
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O prefeito João Henrique marcou a solenidade de apresentação da programação para o aniversário da cidade do Salvador (458 anos, dia 29/03) no dia 7, às 9 horas, no salão nobre do Palácio Tomé de Souza. Neste mesmo dia, por coincidência (ou não) o delegado chefe da Polícia Civil, João Laranjeiras, apresentará à imprensa a conclusão do inquérito policial que investiga o assassinato do servidor municipal, Neylton Souto, nas dependências da Secretaria de Saúde, crime que tem como apontadas mandantes (pela polícia), a então sub-secretária Aglaé Souza e a consultora Tânia Pedroso.
Para a solenidade na Prefeitura estão sendo convidados todos os secretários, dirigentes de autarquias, supertintendentes e outros da Prefeitura, além de agentes de cultura e produtores culturais, através de convites que estão sendo expedidos pela Fundação Gregório de Mattos e pelo gabinete do prefeito.
Outro assunto que ganhou as manchetes da imprensa, hoje, já divulgado nos sites, ontem, é a possibilidade de transformar uma das avenidas mais emblemáticas de Salvador (Avenida Sete de Setembro que vai do centro da cidade à Barra) num calçadão a céu aberto no trecho do Relógio de São Pedro e adjacências. Projeto polêmico, mas, ao que tudo indica, faz parte da estratégia do prefeito em desviar a atenção imprensa sobre o crime da saúde.
No caso do calçadão trata-se de um ante-projeto, sem definição de data ou mesmo de quem vai bancar a obra, e que visa exatamente criar polêmica (como está criando) por uma situação que ninguém sabe se é real ou não. Como a Avenida Sete tem trechos (como é o caso do São Bento) que envolve o IPHAN, o patrimônio histórico da união, vê-se que se trata de um projeto que tem que ser analisado por outros órgãos fora da alçada do município.
O vereador Teo Senna (PTC) foi no âmago da questão em declarações ao Correio da Bahia e destacou que o prefeito "está desequilibrado, emocionalmente, não raciocina as coisas antes de falar e agir e adota medidas apenas com objetivos midiáticos", exatamnente para desviar o foco "da imprensa e da sociedade para os mais graves problemas que acometem na sua administração: a crise financeira e o assassinato de Neylton".

COMPORTAMENTO MIDIÁTICO

Essa não é a primeira vez que o prefeito de comporta utilizando-se de factóides, à exemplo do seu colega do Rio de Janeiro, César Maia, para sobressair em alguns momentos e tentar encobrir atos de sua gestão.
Durante o Carnaval aconteceu um desses momentos quando o prefeito vendo o governador descer do seu camarote para misturar-se com os foliões da Mudança do Garcia adotou gesto similiar com a amplitude de montar um cavalo, dar entrevistas no lombo do animal, acenar para a platéia nas arquibancadas e dar autógrafos. E, momentos depois, se dirigir a um hospital com problemas de pressão, emocionais.
O mesmo aconteceu com o chefe do executivo durante a Lavagem do Bonfim, em 2006, quando saiu em disparada no cortejo - correndo mesmo - e depois teve caimbras e foi também internado num hospital. Este ano, ainda na Festa do Bonfim foi flagrado tocando pandeiro.
É público e notório que Sua Exa também costuma chorar copoisamente no gabinete quando se sente pressionado por algum motivo e isso já foi relevado pela imprensa, inclusive em atos públicos.

COMENTÁRIO BAHIA JÁ

O prefeito João Henrique está na obrigação de, como homem público, prestar esclarecimentos à sociedade sobre o que se passa na Secretaria de Saúde diante das evidências de que existem contratos da gestão plena com possíveis superfaturamentos e suspeitas. Só com a UFBA há dois contratos em valores globais superiores a 3.5 milhões para gestões na área meio (de procedimentos burocráticos) o que parecem injustifiáveis para esses valores. Ademais, existem outros contratos nebulosos e dúvidas a respeito de quem gerenciava a Gestão Plena. Fala-se, inclusive de uma servidora que se chamaria Ana Lúcia Nunes, mas, ao que tudo faz crer quem controlava os expedientes era a consultora Tânia Pedroso, trazida à Bahia por indicação do secretário estadual de saúde, Jorge Solla. Daí que, se o prefeito diz que sua gestão é transparente, está na hora de falar.