O torcedor do Esporte Clube Vitória é conhecido no meio esportivo baiano como "sofredor". O qualificativo tem pertinência. O que aconteceu ontem, à noite, no Barradão, é um exemplo dessa aflição em mais um momento em que a equipe rubro negra parecia com a possibilidade de um triunfo em mãos - estava dando 2x0 no Palmeiras até meados do segundo tempo - e cedeu o empate 2x2 no final do jogo, por pouco, não perdendo-o.
O mais desagradável para o torcedor é verificar que isso acontece com frequência em jogos do Vitória o time deixando escapar bons resultados nos finais das partidas e em alguns casos perdendo os jogos.
Inacreditável o que aconteceu ontem só para citar um exemplo mais próximo do tempo. Numa jogada de futebol de salão na área defensiva do Vitória atacantes do Palmeiras trocaram passes sem perigo iminente de gol, um defensor do "Leão" comete pênalti. No jargão esportivo: pênalti infantil. Resultado: gol do Palmeiras: 2x1.
Se o Vitória já tinha perdido o controle da bola no segundo tempo, no final do jogo, praticamente só fez se defender. No futebol, quem só se defende - e a vitória do Cruzeiro sobre o Botafogo 0x2 também ontem foi outro exemplo - leva gols porque, salvo raras exceções, aguentar um bombardeio com muita frequência não tem defesa e goleiro que suportem. O Vitória, por posto, tem um bom goleiro. Mas, não é milagreiro. Às vezes, até opera assim.
Resultado: Vitória 2x2 Palmeiras.
E o torcedor rubro-negro no Barradão que apoiava a equipe desde o início do jogo, que sonhava sair do Barradão às 10 da noite de domingo, quando poderia estar em casa, descansando para enfrentar a nova semana que começa nesta segunda, 4, silenciou. Recebeu a ducha de água fria em noite sem chuva no céu e sentou-se nas arquibancadas com a sensação de que ainda poderia ser pior.
Saiu da condição de euforia, de alegria; para a de tristeza, de dor. Torcedor sente dores, as do coração que às vezes são fatais; e as dores mentais: o desanimo, o desalento.
Não buscamos culpados. Sabemos que o time do Vitória tem um elenco com limitações técnicas, que certamente um trabalho psicológico é feito no Barradão com os componentes da equipe, e muitos torcedores conhecem essa realidade.
O Vitória tem 18 pontos em 18 jogos no Brasileirão. É como se fossem 18 empates. Faltam mais 18 rodadas e historicamente falando um time se livra do rebaixamento quando consegue, no final, 42/45 pontos.
Veja, portanto, que a missão do Vitória é dificílima e embora não seja impossível, a luta passa a ser livrar-se do rebaixamento para a Série B e não conquistar qualquer título.
É exatamente nesse ponto que entra o torcedor, ou como fica o torcedor, como ele vai resistir a essa caminhada sabendo que seu time não vai ganhar nada.
Dizer que “haja sofrimento” é um lugar comum. Isso é normal entre os rubro-negros baianos. O que se quer, o que se deseja, é algum alento. É poder sair pela cidade do Salvador, no dia-a-dia usando a camisa do Vitória, ter algum orgulho de fazer isso sem ser achincalhado.
No momento, está difícil até se fazer isso. (TF)