Colunistas / A Boa Mesa
Dom Franquito

A MOQUECA DE CAVALA NO PORTO MOREIRA VEM NADANDO DE ITAPARICA

O Restaurante Porto Moreira fica no Largo do Mocambinho, centro, Salvador
16/11/2008 às 21:22

Moqueca de Cavala do Porto Moreira, de dar água na boca e pedir bis (Foto/BJá)
A batalha de Riachuelo em pleno Mocambinho.
 
De um lado, Dom Franquito, o marquês da Cataluna; e, do outro, Antonio Moreira, barão de Figueira da Foz.

Cenário: a mesa da diretoria do Porto Moreira, restaurante que completou 70 anos na Data de Independência do Brasil, no último 7 de setembro.

Diz-se que dom Pedro I, então príncipe de Beja, não comeu no Moreira porque quando esteve em Salvador, em 1808, ainda não havia o restaurante.

Também perdeu uma boa oportunidade, seu pai, Dom João, de saborear a galinha a molho pardo da casa, ele, depois confirmado rei Dom João VI, tarado por frangos.
 
Naquela época, se serviram da cozinha do governador Saldanha da Gama.

Postos à mesa, em encontro recente, o marquês da Catalunha e o barão de Figueira da Foz disputavam em sabores o que consideravam seus manjares prediletos: as moquecas de cavala e de pescada amarela.

- Cavala de dorso azul - lembrava o garçom Ailton - pescada nas águas da contra costa da Ilha de Itaparica, com 1 metro de ancho e 10 quilos.

À mesa, em postas, nadando no dendê de Cayru e cercada de pimentas de cheiro, cebola em rodelas, tomates e pecinhas de coentros, a Dom Franquito pouco importava seu porte. Mas, o sabor.

O barão Antonio Moreira, abraçado a sua pescada amarela, igualmente no dendê e com todos esses ingredientes, não queira prosa, salvo queixar-se de um sacripanta que deu bilhete azul a sua filha no Irdeb.

- Quando ele vier aqui vou lembrar do tempo que mercava as fitas de vídeo de sua autoria.

Nada, óbvio, que tirasse o apetite de Dom Franquito. A cavala descia a gosto, com cautela para sentir o prazer do pescado, um dos reis dos mares do Atlântico.

A senhora Bião de Jesus ajudava o marquês na monumental tarefa, cheia de prosa, enamorada com uma Bohemia. Agapito servia de testemunha cortando um filé com fritas e admirado com a disposição do conde Moreira.

- Extraordinário garfo, dizia cutucando a perna da senhora Bião e apontando a disposição do senhor conde.

Olha! Pra falar a verdade, não sobrou pedra sobre pedra.

Rasparam o tacho e deixaram a nobreza de lado encerrando a Batalha Naval sem vencedores e vencidos.

Na despedida, o conde ficou de ligar para o marquês avisando a chegada de uma nova remessa de cavalas de Itaparica.

Virão frescas, a nado, diretas para o Mocambinho.