Foram soltos nesta terça-feira (17), os índios Tupinambás da Serra do Padeiro, Rosivaldo Ferreira da Silva - conhecido como Cacique Babau - e seus irmãos Givaldo Jesus da Silva e Glicéria Jesus da Silva. Os alvarás de soltura, revogando as prisões dos três, foram expedidos ontem pelo juiz de Direito da Comarca de Buerarema, Antônio Carlos de Souza Hygino e entregues à Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) para serem cumpridos nesta terça.
Rosivaldo e Givaldo estavam presos no Centro de Observação Penal - Complexo Penitenciário da Mata Escura - e Glicéria no Conjunto Penal de Jequié. A pedido do deputado estadual e vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, Yulo Oiticica, os três serão inclusos no Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Bahia, coordenado pela SJCDH, e serão levados para um local seguro, não divulgado pelo parlamentar. Yulo também afirmou que entrará em contato com o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), para pedir a ele garantia de vida para os indígenas.
Babau foi preso por agentes da Polícia Federal em março deste ano, acusado, entre outros crimes, por formação de quadrilha. Desde então, o cacique passou por carceragens da PF de diversos municípios baianos, além do Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Em junho foi transferido, por ordem da justiça estadual para o Centro de Observação Penal. O irmão, Givaldo Jesus da Silva, também foi preso por formação de quadrilha. Já Glicéria foi presa acusada de extorsão e formação de quadrilha.
ACUSAÇÕES
De acordo com a advogada dos acusados, a índia Pataxó Hã Hã Hãe Patricia Rodrigues dos Santos Moraes, as acusações das Polícias Federal e Estadual são infundadas. Ela afirmou que nos autos dos processos constam suposições e não há indícios que comprovem que os índios cometeram delitos.
Segundo o cacique Babau, eles foram presos por tentar defender a terra dos Tupinambás dos ataques de caçadores e de madeireiros. Recentemente, representantes dos povos Kiriri, Tuxá, Payayá, Tupinambá e Pataxó pediram o apoio da Secretaria da Justiça para tratar da demarcação das terras. Eles se queixaram de intimidação e perseguição contra as lideranças indígenas, em especial, os Tupinambá da Serra do Padeiro. De acordo com o relato deles, agentes da PF estão invadindo casas durante a madrugada, sem mandados de busca e apreensão, à procura de armas.