Para o presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), promotor de Justiça da Bahia Geder Gomes, que provocou o CNJ no sentido de deflagrar nos HCTs ação semelhante à desenvolvida no sistema carcerário em 2009, a atuação do mutirão muito contribuirá para a melhoria do sistema de hospitais de custódia que, aliás, precisa ser modificado. De acordo com ele, o HCT da Bahia, mesmo com todas as suas carências, é tido como um dos melhores do país. Isso, afirma Geder, depois do Inquérito Civil instaurado pelas promotoras de Justiça Itana Viana e Cristina Seixas, que tirou o hospital do caos em 2003.
Em apenas um semestre daquele ano, lembra o promotor, cerca de 30 pessoas morreram dentro do HCT, que abrigava quase 500. Depois que a área de execução penal passou a trabalhar com a política de desinternalização mais baseada na indicação médica do que na jurídica, conforme a ideologia da Lei nº 10.216/2001, o quadro de internos também foi bastante reduzido, afirma o presidente do CNPCP.
Atento ao caso dos internos que cumprem a medida de segurança mesmo após a Vara de Execuções extinguir as suas medidas, o promotor de Justiça informou que o trabalho desenvolvido por meio do inquérito civil instaurado pela 1ª Promotoria de Execução Penal da Capital já garantiu a migração de 8 custodiados para residência terapêutica. Agora, destacou Geder Gomes, 22 internos do HCT encontram-se nessa situação, mas, nos próximos 40 dias, pelo menos 16 deles serão abrigados em duas novas residências que serão instaladas pelo Município até o dia 20 de agosto. Nesta data, o MP realizará nova audiência para analisar a implantação dessas novas residências e o abrigamento dos custodiados, com vistas a um possível encerramento do inquérito.
Participaram ainda da visita ao HCT a promotora de Justiça Cláudia Elpídio; os juízes do Grupo de Monitoramento, Fiscalização e Acompanhamento do Sistema Carcerário do TJ, Antônio Cunha, Cláudio Daltro, Andremara Santos e Gelze Matos; psicólogos da Secretaria de Saúde do Estado; e o secretário executivo do Ministério da Justiça, Daniel Vila-Nova, que afirmou que, ao fim dos próximos 60 dias, o Ministério realizará um seminário na Bahia para colher as experiências, principais dificuldades e pontos positivos do HCT. Tudo isso, explicou ele, "para que se possa desenhar um arranjo local que baseie o desenvolvimento de uma ação perene, como a que se apresenta hoje por meio do mutirão". A perspectiva é intersetorial e interfederativa, complementou Vila-Nova, destacando que é preciso conjugar os sistemas de Justiça, Saúde e Assistência Social e os governos Federal, Estadual e Municipal.
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