Urbanismo de risco
De acordo com Cristina Seixas, a situação do trânsito de Salvador, com constantes engarrafamentos em diversos trechos, caracteriza bem como toda cidade é um ecossistema que tem limites. "O que será de Salvador quando todas as áreas de adensamento estiverem preenchidas?", indagou a promotora de Justiça do Meio Ambiente, demonstrando sua preocupação pelo atual "urbanismo de risco" da capital baiana e enfatizando a necessidade dos gestores municipais promoverem o desenvolvimento urbano "utilizando-se dos instrumentos legais disponíveis e colocando em prática a função social da propriedade prevista na Constituição Federal".
Cristina Seixas esclareceu que são necessários vários requisitos legais para a implantação de um loteamento, cujos terrenos devem dispor de equipamentos de escoamento das águas pluviais, iluminação pública, esgotamento sanitário, abastecimento de água potável e energia elétrica, além de vias de circulação e equipamentos comunitários. Ela acrescentou que o loteamento deve ter projeto previamente aprovado pela prefeitura e pelo cartório de registro de imóveis, e ser construído conforme o projeto original. "Se assim não for, o loteamento é irregular", ponderou a promotora, esclarendo também que cabe à prefeitura providenciar a regularização dos loteamentos clandestinos. Ela chamou atenção que não podem ser implantados loteamentos em área de proteção permanente (APP), e quem o fizer deve providenciar a reformulação do projeto e a recomposição da APP.
Direito à educação
Segundo a coordenadora do Caopjij, o MP, por meio dos seus representantes, tem papel de importância para garantir à criança o direito à educação. O promotor de Justiça, por exemplo, deve diligenciar para que sejam asseguradas às crianças os recursos do 'Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar' (Pnate) e do 'Programa Nacional de Alimentação Escolar' (Pnae), que são repassados pelo governo federal às secretarias de Educação estaduais e municipais, disse Márcia Guedes. Ela explicou que, em muitas situações, as prefeituras municipais não asseguram o transporte escolar para os alunos matriculados em escolas estaduais sediadas nos municípios, "e isto não pode ocorrer em função do regime de colaboração que deve existir entre os sistemas de ensino".
Destinado a procuradores e promotores de Justiça com atuação na área dos Direitos Transindividuais, a jornada teve prosseguimento à tarde com a palestra do promotor de Justiça Millen Castro sobre 'A Lei de Responsabilidade Fiscal e o Princípio Constitucional da Prioridade Absoluta à Criança e ao Adolescente'.