Direito

MINISTRO PÚBLICO DENUNCIA 12 PMs PELA CHACINA NO BAIRRO DA PERO VAZ

VEJA
| 09/07/2010 às 18:25

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), por intermédio do coordenador interino do Grupo de Atuação Especial para o Controle Externo da Atividade Policial (Gacep), promotor de Justiça Maurício Cerqueira Lima, ofereceu denúncia na última quarta-feira, dia 7, ao Juízo da Vara do Júri de Salvador, contra 12 policiais militares envolvidos na chacina de sete pessoas na noite de 4 de março último, em uma casa da Rua Bambolê, no bairro do Pero Vaz, em Salvador.

Ressaltando que a hipótese dos autos do inquérito policial "é de execução das pessoas com características de grupo de extermínio, efetuada de maneira clandestina, mas com os fatos e a autoria de contornos determinados", o representante do MP denunciou pela prática dos homicídios qualificados e em atividade típica de grupo de extermínio o tenente Wallisson da Silva Souza; o sargento Valter Gomes da Fonseca; o 1º tenente Raimundo Gomes Barroso Neto; e os soldados André Luis Ferreira Castro, André Ricardo Almeida Gonçalves, Jorge da Silva Batista, Antônio Petrucio Feitosa da Silva e Fabio Sales Nascimento. Pela ocultação de três cadáveres, foram denunciados o sargento Carlos José Veloso Santos e os soldados Edson Tavares de Freitas, Uendel Araújo de Oliveira e Fábio José Palmeira de Oliveira.

No documento, o promotor de Justiça relatou que os denunciados, compondo guarnições distintas, sob o comando de Valter Gomes e Barroso Neto, pertencentes ao grupamento 'Rondas Táticas Motorizadas' (Rotamo), ingressaram no Pero Vaz, no cruzamento da Rua Bambolê com a Travessa Acará, sob pretexto de verificar uma notícia fornecida por uma pessoa não identificada da presença de elementos armados em uma casa.

De acordo com Maurício Cerqueira, os oito denunciados por homicídio qualificado ingressaram na rua já ostentando suas armas de fogo, e, ao chegarem diante da residência, deflagraram tiros em direção ao seu interior, causando lesões que foram a causa das mortes de Adailton Cruz Santos, Gilberto André Matos, Bruno Rafael dos Santos e Everaldo Rocha Guimarães.
 
"Para justificar os homícidios, os denunciados alegaram que foram recebidos a tiros pelos ocupantes da casa, apresentando na delegacia de polícia quatro armas de fogo que supostamente as vítimas teriam usado", assinalou o promotor de Justiça, acrescentando que a versão foi desmentida pelas perícias técnicas, que não encontraram projéteis ou estojos de arma de fogo, nem resíduos de disparo de arma nas vestes ou nas mãos das vítimas, "reforçando a verdade dos fatos de que não houve troca de tiros e sim execução sumária dos indivíduos".


Os policiais militares prosseguiram na 'diligência' criminosa e invadiram o imóvel da Travessa Acará, nº 60, onde deflagraram tiros contra os adolescentes Alessandra Jesus dos Santos, Érica dos Santos Calmon e Luis Alberto dos Santos, "sem possibilidade de defesa dos ofendidos". Em seguida, relatou Maurício Cerqueira, os quatro denunciados por ocultação de cadáveres chegaram ao local, sob o comando do sargento Carlos José, e se encarregaram de coletar os corpos, "levando-os a locais ermos, com o objetivo de ocultar a prática criminosa". Os cadáveres de Luis Alberto e Alessandra foram encontrados em pontos distintos da Estrada das Cascalheiras, no município de Camaçari, e o de Érica na estrada que dá acesso à Cocisa, em São Tomé de Paripe.