Direito

VEREADOR DE ENCRUZILHADA É PRESO A PEDIDO DO MP POR COMETER HOMICIDIO

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| 18/06/2010 às 18:09

Denunciado pela prática de homicídio duplamente qualificado, o vereador do município de Encruzilhada, Gileno Alves dos Santos, foi preso na tarde de ontem (17) após a juíza da comarca, Ádida dos Santos, acolher solicitação da Polícia e manifestação apresentada pelo Ministério Público estadual, dia 16, em favor da decretação da prisão preventiva do acusado.

O vereador, denunciado pelo assassinato Alessandro Santos Assunção na noite do dia 19 de junho de 2006, foi preso preventivamente para que não comprometesse o desenvolvimento da instrução processual, explica o promotor de Justiça Márcio de Oliveira Neves, acrescentando que Gileno Alves estava ameaçando testemunhas para assegurar a sua impunidade.


Segundo o promotor de Justiça, o vereador deu início às ameaças já na noite do crime quando, no caminho de volta para casa, disse ao comparsa, o guarda municipal Gilmar Pereira Lima, também denunciado, que "‘se alguém abrisse o bico cairia também'". Além disso, o inquérito policial relata que Gilmar, em seu depoimento, informou que o vereador lhe afirmou ter ameaçado até a família da vítima.
 
Manoel Mirênio Francisco Ribeiro, outro denunciado pelo homicídio, destaca Márcio Neves, afirmou à Polícia que se lembra de Gileno ter dito: "viu aqui, aqui fica". Uma outra testemunha relatou no inquérito que ouviu o vereador dizer ao guarda Civil " ‘que não iria segurar B.O., que todos deveriam ficar calados' ", e que, dias após Gileno Alves ficar sabendo que ele havia sido intimado para depor, procurou-lhe com a ameaça de que " ‘se o declarante falasse algo contra ele, não chegaria até o Fórum e que a corda quebraria do lado mais fraco' ".

Para o promotor de Justiça, desse cenário, infere-se que faz sentido o depoimento do pai da vítima, que chegou a dizer que " ‘largou pra lá a busca pelo assassino do seu filho' " e que " ‘não tem interesse em saber, nem em colaborar, pois teme pela sua própria vida, pois tem dois filhos pequenos para criar' ".

Na denúncia, oferecida contra Gileno Alves dos Santos, Gilmar Pereira Lima e Manoel Mirênio Francisco Ribeiro no último dia 16, o representante do MP esclarece que, na noite do dia 19 de junho de 2006, quando a Polícia tentava saber o paradeiro de Alessandro Assunção, pedindo ao guarda municipal para que ficasse atento, Gileno e Gilmar ficaram sabendo da localização da vítima, mas, apesar de informar à Delegacia de Encruzilhada, resolveram ir atrás dela. Naquela noite, no bar de Manoel Mirênio, o guarda municipal pegou emprestada dele uma espingarda cartucheira e, com o vereador, que portava seu próprio revólver, saiu ao encontro de Alessandro, lembra o promotor de Justiça, afirmando que os dois surpreenderam a vítima em uma casa que fica na localidade conhecida como "Nerão", na zona rural do município. Lá, eles atiraram em Alessandro, atingindo-lhe o tórax e o braço. A vítima, ao cair, teve sua cabeça chutada pelo vereador, que finalizou a ação efetuando o último disparo na cabeça, relata Márcio Neves, acrescentando que o vereador, alimentando ressentimento pela vítima, que lhe havia lançado pedras, chegou a dizer: " ‘toma aí, nunca mais você joga pedra em mim. Isso é para pagar aquelas pedras que você me jogou daquela vez' ".

Em maio último, o promotor de Justiça já havia denunciado o vereador pela prática de dois outros delitos: crime de disparo de arma de fogo em via pública e de receptação. Segundo Márcio Neves, em abril último, o vereador disparou tiros numa rua do povoado de Vila Café por causa de um cachorro que latiu para ele no momento em que ele passava pela rua conduzindo uma motocicleta. Incomodado com o latido do cachorro em sua direção, Gileno parou a moto e começou a efetuar disparos com a arma de fogo na direção do animal, relata o promotor, destacando que o cachorro não foi alvejado porque os tiros atingiram o portão da casa de Maria Janete Reis. Já no mês de março, Walter Lúcio Rocha Carvalho foi flagrado nas ruas de Encruzilhada conduzindo um Prisma, ano 2008/2009, que foi adquirido do vereador em julho de 2009 pelo valor de R$ 3.500,00, "tratando-se o bem de produto de crime". O veículo, explica o representante do MP, foi submetido a exame pericial, tendo sido constatado que ele foi clonado, pois estava com o chassi adulterado, imitando outro automóvel da mesma marca e modelo.