Foi preso na manhã desta quarta-feira, dia 16, em sua residência, o proprietário da Associação Comunitária Tio Paulinho, situada em Simões Filho, Paulo César Souza Fonseca, acusado de manter em cárcere privado e sob maus tratos pelo menos 65 pessoas, dentre idosos e pessoas com deficiência física e mental.
Batizada de "Operação Bom Pastor", a ação é comandada pelo Ministério Público estadual, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e de Investigações Criminais (Gaeco), em parceria com a Polícia Civil, o Comando de Operações Especiais (COE) e a Superintendência de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP), com o apoio de uma equipe multidisciplinar formada por médicos, assistentes sociais e psicólogos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid).
Os idosos foram encontrados em situação degradante, segundo informações da coordenadora do Gaeco, promotora de Justiça Ana Rita Nascimento, muitos deles nus e sujos de fezes, alojados em acomodações com grades. Eles estão sendo submetidos à perícia, para que sejam constatadas as possíveis lesões corporais, maus tratos e o sofrimento físico e mental a que foram sujeitos, e serão posteriormente encaminhados para a Casa de Repouso Bom Jesus, situada na 1ª Travessa Bela Vista, em Tubarão, no subúrbio de Salvador.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão tanto na Associação Comunitária Tio Paulinho quanto na residência de Paulo César Fonseca, que é policial civil. A prisão temporária do acusado foi decretada pela juíza Amanda Palitot Villar de Mello, e a operação contou com a participação da promotora de Justiça de Simões Filho, Greice Campelo Apolonis, que instaurou inquérito civil para investigar a situação do abrigo, após receber denúncias de familiares tratando das condições subhumanas a que estavam submetidos os idosos e pessoas com deficiência que ali viviam.
"Após fazer a inspeção no local e instaurar inquérito civil, vislumbrei a existência de uma organização criminosa, praticando tortura, maus-tratos, apropriação indébita de benefícios, cárcere privado e ato de improbidade administrativa. Por essa razão, solicitei ajuda do Gaeco, que passou a investigá-los sigilosamente", explica a promotora, que ajuizou uma ação civil pública requerendo a interdição do abrigo.