O despacho assinado também pelo presidente do Conselho Nacional de Justiça, Ministro Gilmar Mendes, dá um prazo de 30 dias para que a presidência do Tribunal de Justiça apresente um plano de trabalho capaz de garantir a administração direta do serviço judiciário no Estado.
Além disso, determina "imediata e rigorosa tomada de contas relativa aos últimos cinco anos da administração daquele órgão". O documento recomenda a restituição das atribuições, bens e recursos do Instituto para a administração direta do TJ baiano.
REPASSE AO ESTADO
A decisão da corregedoria foi tomada a partir de expediente levado ao CNJ pela administração do Ipraj. O órgão repassou R$ 30 milhões para a Secretaria de Fazenda do Estado da Bahia para atender dificuldades com a folha de pagamentos, inclusive do poder judiciário.
Como não recebera os recursos de volta, a autarquia não pôde emitir integralmente os empenhos de várias obras em andamento, razão pela qual pedia análise sobre a emissão de empenhos parciais.
Ao sustentar pela negativa do pedido da autarquia, a Secretaria de Controle Interno do CNJ chamou atenção para a irregularidade da descentralização dos recursos orçamentários e também para a impossibilidade de repasse para fins de pagamento de folha de pessoal. Além disso, destacou a ilegalidade de realização de licitação sem disponibilidade orçamentária.
Ao analisar detidamente o caso, a corregedoria entendeu que a própria existência do Ipraj é inconstitucional e "constitui um equívoco", pois está em desacordo com o que a legislação define sobre o que é uma autarquia.
"De fato, na dicção da Constituição as atividades de natureza administrativas somente podem ser desenvolvidas e executadas diretamente pelo próprio tribunal através de atos e decisões administrativas", ressalta o despacho. "A criação do Ipraj está em linha de manifesto confronto com os princípios constitucionais obrigatórios", afirma o documento.