Direito

MP OFERECE DENÚNCIA CONTRA PROFESSOR QUE TORTUROU MULHER EM VILAS

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| 27/07/2009 às 18:19
O Ministério Público estadual ofereceu denúncia à Justiça contra o professor de educação física Adalberto França Araújo Júnior por tentativa de homicídio duplamente qualificado, com motivação torpe e prática de tortura, agravado pelo fato de se prevalecer da relação de coabitação com a vítima, sua companheira Luciana Brasileiro Lopo.

A denúncia teve por base o Inquérito Policial nº 03/2009, presidido pela delegada de Polícia Luciana Côrtes dos Anjos, e foi oferecida à Vara Criminal de Lauro de Freitas na última sexta-feira, dia 24, pelo promotor de Justiça Marcelo Mascarenhas de Cerqueira, que pediu a decretação da prisão preventiva do acusado.

Os atos criminosos denunciados pelo MP aconteceram na madrugada do último dia 26 de junho, no imóvel do casal, quando Adalberto, "movido por ciúme exagerado e infundado", tentou contra a vida da companheira, causando-lhe inúmeras lesões, inclusive com arma de fogo, e infligindo-lhe intenso sofrimento físico e mental.

BEBENDO

De acordo com a denúncia, na noite anterior ao crime, Adalberto França buscou a companheira Luciana Lopo, com quem convivia há um ano e três meses, no local de trabalho, oportunidade em que a vítima percebeu que ele havia ingerido bebida alcoólica.

Quando fazia o percurso de retorno para casa, Adalberto parou em um bar, onde continuou a beber cervejas, fato que teria contrariado Luciana, uma vez que ele havia prometido parar de fazer uso de álcool, deixando-a mal humorada. Não gostando da atitude da companheira, ele teria começado ali as humilhações contra Luciana, obrigando-a a se desculpar com os presentes.

Chegando em casa com a vítima, Adalberto determinou que sua mãe saísse com a sua filha de seis anos, fruto de relacionamento anterior. Depois de fechar toda a casa, relata a denúncia, ele utilizou um sofá para fazer barreira à porta e conduziu Luciana até o quarto do casal, onde lhe aplicou socos e pontapés.
 
Bastante lesionada, a vítima foi obrigada a se dirigir até a cozinha, onde a empregada doméstica Maria Santana da Silva tentou, sem êxito, dissuadir Adalberto do comportamento agressor. Utilizando facas de cozinha, ele passou a cortar a vítima por todo o corpo, obrigou-a a se despir e jogou-lhe ovos na cabeça. O professor ainda obrigou a companheira a ficar sentada em uma bacia com água e sal grosso; com um cassetete, aplicou-lhe golpes nas mãos, braços e pernas, fraturando-lhe os dedos; e fez com que ela ingerisse suas fezes.

Ainda segundo as informações da denúncia, indiferente aos apelos da empregada doméstica, e com uma arma calibre 38 em punho, Adalberto exigia que Luciana Lopo confessasse uma suposta traição amorosa. Em desespero e querendo ser poupada de um mal ainda maior, Luciana disse-lhe que dois conhecidos do denunciado haviam olhado para ela, algo que efetivamente não acontecera, explica o promotor de Justiça. Adalberto desferiu, então, um tiro contra a vítima, atingindo-a na perna esquerda. Ele amarrou Luciana na cama e jogou leite fervente e café contra ela, ferindo-a nas costas. "
Ao final da ação delituosa", explica o promotor Marcelo Cerqueira, Adalberto "teve a frieza de ligar para os pais da vítima, para dizer que a havia amarrado e matado, evadindo-se em seguida do local do crime". Pela riqueza das provas produzidas, o MP pede a decretação da prisão preventiva formulada pela autoridade policial, medida que se justifica com a garantia da ordem pública, evitando que o denunciado, em liberdade, venha a infligir novas agressões à vítima, interfira de qualquer forma no ânimo das testemunhas ou que volte a fugir.