De acordo com a promotora de Justiça Hortênsia Pinho, o Ministério Público quer saber também sobre o posicionamento do juiz diante de um laudo da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), emitido através da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, que atesta que não há na região foco de dengue.
Na petição interposta ontem, o MP juntou um laudo de seis técnicos do Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ) que asseveram que o local possui recursos hídricos relevantes, inclusive lagoas, contrariando laudo pericial "sem rigor técnico, científico e metodológico", elaborado por um arquiteto nomeado pelo juiz, que afirma não haver na região uma lagoa, mas água inundada.
ALVARÁ NÃO PODE
ATERRAR LAGOAS
Segundo o procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto, o Ministério Público não vai admitir que um alvará para combater a dengue em imóveis fechados e abandonados, requerido pela Instituição, seja utilizado para o aterramento de lagoas, rios ou qualquer recurso hídrico em razão de um suposto relato de uma senhora que afirmou existir proliferação de mosquitos da dengue na região, informação inverídica, conforme atestou a Sesab.
O MP, segundo o PGJ, considera que houve no episódio um crime ambiental, visto que não existe qualquer licença autorizando a construção de uma obra viária ligando a Paralela à orla. "A decisão do juiz suspende o embargo que foi dado pelo IMA e determina a devolução de máquinas apreendidas, mas não tem interferência sobre a ação do Ministério Público quanto ao aspecto criminal", salienta Hortênsia Pinho.
O empreendimento, segundo o MP, já foi objeto de investigação de órgãos de fiscalização ambiental, inclusive com Termo de Ajustamento de Conduta celebrado com todos eles, uma vez que se trata de uma atividade de impacto ambiental significativo. Ocorre que, segundo a promotora de Justiça, várias cláusulas do acordo vêm sendo descumpridas pelo empreendedor, que já foi advertido em audiências sobre o fato. Somente neste procedimento, informa Hortênsia, foram realizadas 23 audiências para tentar solucionar o problema, o que revela "a intenção do MP de mediar soluções sustentáveis"