Percorrendo as ruas de Salvador desde a última segunda-feira, dia 1º, equipes técnicas do programa ‘Salvador Cidadania' já abordaram 327 pessoas que vivem em situação de risco nas sinaleiras e alguns logradouros da Capital, sendo 201 abordagens feitas só no Centro Histórico.
Os resultados dessa primeira semana de atuação do programa, que é desenvolvido pela Secretaria Municipal do Trabalho, Assistência Social e Direitos do Cidadão (Setad), em parceria com o Ministério Público estadual e a Fundação José Silveira, foram apresentados pelo secretário da Setad, Antônio Brito, hoje, dia 8, em reunião realizada com o procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto na sede do MP.
De acordo com informações da Setad, do total de abordagens da semana, foram realizados 117 cadastros, sendo 95 deles referentes a pessoas do Centro Histórico. Nessa área, onde foi realizada uma ação intensiva todos os dias das 6h às 22h, 39 crianças e adolescentes foram cadastrados, explicou a servidora da Setad Daniela Cova, destacando que 12 meninos foram encaminhados para o Conselho Tutelar.
TRABALHO
Segundo ela, muitos dos meninos abordados no Pelourinho estavam em situação de trabalho infantil, sendo 22 deles da raça negra, 34 da Capital e com primeiro grau incompleto e cinco do interior do estado. Dos 39 cadastrados, 37 afirmaram ter referência familiar, sendo que apenas dois disseram que a referência está no próprio Centro Histórico.
Do total de crianças e adolescentes cadastrados no Centro Histórico, 27 afirmaram para as equipes do programa que têm residência fixa, informou Daniela Cova, lembrando que 22 desses meninos confirmaram que desenvolvem algum tipo de atividade e que 21 alegaram que o motivo de permanência nas ruas é por causa do trabalho, sete por conflitos familiares, cinco devido à violência doméstica e quatro por causa das drogas. Dos 39 cadastrados, 14 disseram que já passaram por unidades de abrigamento, 13 por centros de recuperação e um já foi apenado, complementou a servidora da Setad, salientando que, nessa primeira semana, não foi presenciada nenhuma situação em que houvesse necessidade de chamar a Polícia Militar ou equipe do Serviço Móvel de Urgência (Samu).
Relatando a situação verificada na área da Piedade, "um local de difícil abordagem", Daniela Cova informou que lá foram realizadas 49 abordagens, com dez crianças e adolescentes cadastrados. Na Pituba, que, segundo ela, é uma área já monitorada, foram realizadas 14 abordagens, com dois cadastros de crianças que estavam acompanhadas pela família "como, aliás, é rotineiro".
A Pituba, disse Cova, é uma área difícil porque é de mendicância de crianças com as famílias por trás. Diariamente, lembrou Lidivaldo Britto, meninos e meninas ficam nas sinaleiras do bairro sendo explorados pelos pais que precisam ser chamados à atenção e, se necessário, responsabilizados. Nesse sentido, o procurador-geral de Justiça solicitou ao capitão da PM presente na reunião, Gabriel Neto, que ofereça apoio às ações desenvolvidas na Pituba, buscando innibir a instalação das famílias de pedintes, que, se insistirem, devem ser conduzidas a delegacia e responsabilizadas.