Direito

'BULLYING' É TEIA DA MALDADE QUE DEVE SER COMBATIDA, DIZ ESPECIALISTA

Entenda o que significa
| 23/04/2009 às 22:01
'Bullyng' é termo inglês para descrever atos de violência debatido no MP
Foto: Arquivo
Tenho certeza que milhões de estudantes em todo o mundo não compareceram à aula hoje por medo. Medo do bullying". O alerta foi feito pela professora Cléo Fante na tarde desta quinta-feira, dia 23, durante o lançamento da 'Campanha contra o Bullying nas Escolas', promovida pelo Ministério Público estadual, por intermédio do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Infância e Juventude (Caopjij).
 
Maior especialista no país sobre o tema e autora do programa anti-bullying 'Educar para a Paz', implantado em inúmeras escolas brasileiras e em Portugal, Cléo Fante aplaudiu a iniciativa do MP baiano, afirmando que é preciso muita sensibilidade para não encarar o bullying como uma brincadeira, mas como uma ocorrência grave, e para enxergar a série de prejuízos causados por esta "teia de maldade". "Este fenômeno gera sofrimento para todos. Não é um problema apenas da vítima, mas também da família, da escola e, especialmente, da sociedade".

Segundo a educadora, diversas crianças e adolescentes estão na escola sofrendo e abortando seu sonho de um futuro melhor, que só pode ser construído na escola, e é preciso socorrê-las. Ela lembrou a maior tragédia ocasionada pelo bullying, o 'Massacre de Columbine', que ocorreu em 20 de abril de 1999, quando dois estudantes mataram 12 alunos, uma professora e se mataram em seguida em uma escola no estado americano do Colorado.

Ela sugeriu a integração da Polícia e dos conselheiros tutelares com as escolas e com as famílias dos estudantes no sentido de orientá-los sobre os seus direitos e deveres.

REDUZIR VIOLÊNCIA
NAS ESCOLAS

O objetivo da campanha anti-bullying, de acordo com a coordenadora do Caopjij, Lícia de Oliveira, é promover um esforço para erradicar ou minimizar a violência escolar produzida pelo bullying, sensibilizando e conscientizando o profissional da educação - professores, diretores e funcionários -, além dos alunos e pais, a conhecer melhor o tema e atuar de maneira efetiva contra esse mal que se difunde nas escolas. "Queremos contribuir para um trabalho conjunto, reduzindo o comportamento agressivo nas escolas; contribuir para mudar o destino de crianças e adolescentes envolvidos diretamente nesse fenômeno", disse ela. O MP confeccionou folder educativo, cartazes e um vídeo explicativo sobre o tema, que serão distribuídos para todos os 417 municípios baianos, conselhos tutelares, escolas municipais e estaduais e demais estabelecimentos de ensino do estado. Segundo Lícia, seis promotores de Justiça da Infância darão o suporte necessário aos educadores.

A coordenadora do Caopjij informou, ainda, que uma pesquisa realizada em outubro de 2008 pela organização não-governamental Plan revelou que, por dia, 1 milhão de crianças em todo o mundo sofrem algum tipo de violência nas escolas. Ainda de acordo com o estudo, no Brasil 70% dos 12 mil estudantes entrevistados em seis estados afirmaram terem sido vítima da violência, sendo um terço relacionada ao bullying.

Representando o procurador-geral e Justiça Lidivaldo Britto, a PGJ adjunta Eny Magalhães destacou que o MP tem a satisfação de deflagrar o programa de combate ao bullying nas escolas, que precisa contar com "o efeito multiplicador através da atuação dos conselheiros tutelares, promotores de Justiça, educadores e da comunidade em geral". Representando o secretário de Educação Adeum Sauer, Carlos Pedrosa parabenizou o MP pela campanha e afirmou que a Secertaria adotará "mecanismos de defesa que minimizem este problema, que muitas vezes ocorre de forma silenciosa, atingindo os estudantes".
 
Também estiveram presentes na solenidade a subsecretária do Município de Camaçari, Maria da Graças Santos, representando o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação na Bahia, Luiz Valter Lima; a delegada titular da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente (Derca), Laura Maria Argolo; a assessora da Secretaria Municipal da Educação, Adriana Nascimento; o vice-presidente da Associação do MP (Ampeb), Jânio Braga, representando a presidente Norma Angélica Cavalcanti; o coordenador da Ronda Escolar da Polícia Militar, capitão Ubiracy Vireira dos Santos; o assessor do Sinepe, Jaime Pereira; dentre outros.

 

O QUE É BULLUYNG


Bullying
[1] é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully ou "valentão") ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender.


Também existem as vítimas/agressoras, ou atores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma.

TIPOS


No uso coloquial entre falantes de língua inglesa, bullying é frequentemente usado para descrever uma forma de assédio interpretado por alguém que está, de alguma forma, em condições de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco.

O cientista sueco - mas que trabalhou por muito tempo em Bergen (Noruega) - Dan Olweus define bullying em três termos essenciais:[2]

  1. o comportamento é agressivo e negativo;
  2. o comportamento é executado repetidamente;
  3. o comportamento ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas

O bullying divide-se em duas categorias:[1]

  1. bullying direto;
  2. bullying indireto, também conhecido como agressão social

O bullying direto é a forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos.

A agressão social ou bullying indireto é a forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, e é caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é obtido através de uma vasta variedade de técnicas, que incluem:

  • espalhar comentários;
  • recusa em se socializar com a vítima
  • intimidar outras pessoas que desejam se socializar com a vítima
  • criticar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos (incluindo a etnia da vítima, religião, incapacidades etc).

O bullying pode ocorrer em situações envolvendo a escola ou faculdade/universidade, o local de trabalho, os vizinhos e até mesmo países. Qualquer que seja a situação, a estrutura de poder é típicamente evidente entre o agressor (bully) e a vítima. Para aqueles fora do relacionamento, parece que o poder do agressor depende somente da percepção da vítima, que parece estar a mais intimidada para oferecer alguma resistência. Todavia, a vítima geralmente tem motivos para temer o agressor, devido às ameaças ou concretizações de violência física/sexual, ou perda dos meios de subsistência.