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Antes mesmo do lançamento do projeto, 49 audiências foram pré-agendadas - a maioria delas relativas a reconhecimento da paternidade, formalização de acordos de alimentos e questões envolvendo o registro civil - para atendimento durante o período em que o ônibus do MP estará no Bairro da Paz, conforme explicou a coordenadora do Núcleo da Paternidade Responsável (Nupar), Ana Paula Bacelar Bittencourt, responsável pela retomada do projeto. O Bairro da Paz foi escolhido para iniciar o 'MP vai às Ruas' por ser um bairro carente, bastante populoso (são mais de 60 mil habitantes) e com altos índices de criminalidade, destacou o procurador-geral de Justiça Lidivaldo Britto na abertura da audiência pública.
"Nós sabemos que as demandas são grandes, principalmente pela ausência dos poderes públicos no bairro, mas nós do Ministério Público vamos nos esforçar em atendê-las, e por isso queremos ouvi-los", destacou ele, acrescentando que "é a missão do MP atuar ao lado do povo, defendendo os interesses mais caros da sociedade". Ainda segundo o chefe do MP baiano, o ônibus vai funcionar como uma "grande ouvidoria", pois buscará atender não só as demandas relativas ao Ministério Público, mas também encaminhá-las e cobrar dos órgãos competentes a sua resolução.

"O Ministério Público tem que ser ativo, não deve ficar esperando que o cidadão o procure", acrescentou a coordenadora do Nupar, que, emocionada, afirmou que acredita que o ônibus itinerante propiciará ainda mais reconhecimentos da paternidade. Para o diretor do Conselho de Moradores do Bairro da Paz, Antônio Carlos Silva Santos, a aproximação do MP da comunidade é um avanço. "Muitas pessoas que residem aqui não dispõem de dinheiro para pagar o transporte e ir ao MP", informou ele, que passou para o procurador-geral de Justiça um diagnóstico com as demandas dos moradores e denúncias. Em ritmo de hip hop, o morador Tom Nascimento, que faz parte do Movimento Rap do Bairro da Paz, queixou-se do preconceito e abuso de poder da polícia com os moradores do bairro. "Mas cada vez que o poder público se aproxima das comunidades, certamente haverá uma redução da violência, não só daquela que agride e mata, mas também daquela que nos priva da educação, da saúde, de moradia digna...", salientou ele, sendo bastante aplaudido pelos moradores.

Também participaram da audiência pública de relançamento do 'MP vai às Ruas' - que foi criado em 1997 e desativado anos depois, conforme informou o PGJ, devido ao alto custo do projeto e número insuficiente de promotores - os coordenadores dos Centros de Apoio às Promotorias de Justiça Cíveis, de Fundações e Eleitorais (Caocife), José Souza Filho; Criminais (Caocrim), José Renato Oliva de Mattos; da Infância e Juventude (Caopjij), Lícia de Oliveira; da Cidadania (Caoci), Regina Helena Reis; o assessor da Secretaria Municipal de Educação, Fernando Araújo; o gerente comercial do GACC, João Henrique Faria; a diretora da Escola Nova do Bairro da Paz, Advânia Gomes; dentre outros promotores de Justiça e lideranças comunitárias. Os próximos bairros a serem visitados pelo ônibus do MP ainda serão definidos, mas estão previstas visitas a Mussurunga e Cajazeiras.