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DIREITOS HUMANOS NÃO PROTEGE AÇÃO DE CRIMINOSOS, DIZ JURISTA

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| 02/08/2008 às 14:23

 

Foto 1"Os Direitos Humanos nada têm a ver com a proteção do crime e dos criminosos, e sim com a defesa da dignidade da pessoa humana. Por preconceito e ignorância é que as pessoas ainda hoje os entendem como forma de defender bandidos. Essa mentalidade provém de razões históricas e culturais, mas precisa ser mudada". Esse é o entendimento do jurista Dalmo Dallari, que está ministrando durante todo o dia de hoje, 1º de agosto, a disciplina 'Dimensões Jurídicas, Econômicas e Culturais dos Direitos', do Curso de Especialização em Direitos Humanos e Cidadania, que é promovido pelo Ministério Público estadual em parceria com o Governo da Bahia e dirigido a membros do MP, oficiais da Polícia Militar, delegados
da Polícia Civil e docentes universitários. A aula está sendo realizada no Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do Ministério Público (Ceaf), até o final da tarde.

Professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Dallari explicou que o Brasil está vivendo um fenômeno assustador, onde a criminalidade está cada vez mais especializada e rica, tendo como presas fáceis os jovens vítimas da desigualdade social, e no qual os organismos de segurança, despreparados para combatê-la, estão dando como resposta a violência. "Isso está acontecendo porque a sociedade preparou a polícia para matar. A idéia da polícia como força repressora é antiga e foi legitimada historicamente: quanto mais violenta a polícia, melhor. Mas quando a regra é só matar, qualquer pessoa pode ser alvo", alertou o jurista, que acredita que somente através da mudança de mentalidade e com a capacitação e pagamento adequado da polícia é que poderemos enfrentar esse problema.

Dalmo Dallari destacou a importância da especialização em Direitos Humanos de profissionais da Justiça e Segurança e afirmou estar feliz em ministrar uma disciplina do curso do Programa de Capacitação e Educação em Direitos Humanos (Procedh) do MP baiano. "Precisamos combater muitos preconceitos que existem em nós e que estão sendo causa da violência contra seres humanos, onde todos saem perdendo", sinalizou Dallari, explicando que sempre foi a favor da defesa da pessoa humana e contra a luta armada. "Precisamos ter uma atitude ativa contra a violência, mas não com armas voltadas uns contra os outros", concluiu. As aulas ministradas pelo jurista terão continuidade amanhã, dia 2, das 8 às 12h30.Foto 2