Foi preso, em operação realizada pelo Ministério Público estadual, com o apoio da Polícia Militar, no município de Campo Formoso (400 Km de Salvador), o estelionatário Carlos Jordan Marques Costa.
Dizendo-se autor de nove livros, formado pela Universidade de São Paulo (USP), membro da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), instrutor da Polícia Federal e presidente do Centro Brasileiro de Pesquisa e Prevenção ao Uso de Drogas, Carlos estava realizando palestras nos municípios da região, pelas quais cobrava cerca de R$ 1.500,00. Dessa forma, afirma a promotora de Justiça Renata Dacach, ele enganou órgãos e pessoas e usurpou o dinheiro de muita gente.
A promotora de Justiça lembra que começou a desconfiar da atuação de Carlos Costa após ele realizar uma palestra sobre drogas direcionada a promotores de Justiça, juízes e autoridades do município e, apesar de informar que só retornaria à região depois de alguns anos - "o que parecia muito comum para alguém que guardava tantos títulos e demonstrava ter tantas atribuições" - , estar lá logo nas semanas seguintes.
COMPRA DE CD
Passadas três semanas do dia da palestra, a promotora, que atua na área da Infância e Juventude, soube que o estelionatário estava em Campo Formoso e resolveu recebê-lo na Promotoria para adquirir um CD e um DVD que faziam parte do Kit que Carlos vendia. A compra no valor de R$ 120,00, revelou Renata, foi proposital, pois havia ali a intenção de averiguar um pouco mais do trabalho e compreender melhor quem era ele.
Com os dados apresentados pelo palestrante no Kit, a promotora de Justiça resolveu, então, realizar uma busca na Internet para confirmar as informações que tinha em mãos. De início, lembra ela, "verifiquei que o Centro de Pesquisa que ele afirmava presidir parecia não existir". Não foi constatado também seu nome em nenhum dos órgãos dos quais ele dizia fazer parte, o que motivou um pedido de auxílio ao coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Criminais (Caocrim), promotor de Justiça José Renato Oliva de Mattos, que descobriu que Carlos respondia a processo em Ribeira do Pombal pelos mesmos fatos, onde estava com pedido de prisão preventiva decretado pelo crime de estelionato.
De posse das informações obtidas, "com o apoio fundamental do coordenador do Caocrim", Renata Dacach começou a fechar o cerco em volta de Carlos. Foi assim que, na última terça-feira, dia 8, ciente de que ele havia realizado uma palestra pela manhã para a Secretaria de Educação de Campo Formoso, ela entrou em contato com a secretária de Educação, que informou o momento em que realizaria o pagamento da palestra (RS 1.112,00).
Naquela noite, no horário combinado para Carlos receber o dinheiro, ele foi preso em flagrante e foi dado cumprimento ao mandado de prisão preventiva decretado pela juíza de Ribeira do Pombal, que contactada pelo juiz Criminal de Campo Formoso, George Alves de Assis, enviou o mandado para que fosse dado cumprimento.
Segundo Dacach, o estelionatário realizou palestras para comandos da Polícia Militar em Senhor do Bonfim, Campo Formoso e Filadélfia, e tinha apresentações agendadas em vários outros municípios. Carlos, ao fim das suas palestras, vendia um Kit no valor de R$ 583,00. Ainda conforme a promotora de Justiça, já existe a confirmação de que ele não é membro do Senad e nem pertence aos quadros da Polícia Federal.