Direito

DOIS MÉDICOS E DUAS ENFERMEIRAS DE JUAZEIRO DENUNCIADAS EM HOMICÍDIO

Que loucura. Acompanhe esse caso terrível.
| 02/04/2008 às 12:15

  Dois médicos e duas enfermeiras do município de Juazeiro foram denunciados pelo Ministério Público estadual pela morte, em março do ano passado, de um bebê ainda na barriga da mãe por atendimento inadequado.

  Os médicos Ariovaldo Saraiva Sales e Antônio Leovigildo Araújo Costa, respectivamente médico-plantonista e diretor do Hospital Semec, responderão por homicídio doloso, enquanto que as enfermeiras Joelma das Montanhas e Jaiselma da Cruz Vieira por homicídio culposo.

  De acordo com a ação penal pública, de autoria do promotor de Justiça Rildo Carvalho, a parturiente Ana Paula de Jesus Santos, grávida pela primeira vez, teria procurado atendimento no Hospital Semec aos primeiros sinais do parto e passado mais de 19 horas em sofrimento sem receber o atendimento adequado.


  PROCEDIMENTOS
  INADEQUADOS

  Explica o representante do MP que a gestante, acompanhada de sua mãe, buscou atendimento no Hospital Semec por volta das 5h do dia 27 de março de 2007, sendo atendida pelo médico Antônio Costa, mais conhecido como Dr. Alac, que lhe concedeu alta hospitalar por não encontrar indicação de que o parto ocorreria naquele momento. Por volta das 18h, explica o promotor, a paciente, em trabalho de parto, retornou ao hospital, foi internada, mas não foi atendida pelo médico que deveria estar de plantão, Ariovaldo Sales, pois ele encontrava-se de "sobreaviso" em sua residência, na cidade de Petrolina (PE).

  Ana Paula ficou aos cuidados da enfermeira Jasielma Vieira e, posteriormente, de Joelma Montanhas, que procedeu o exame "de toque", constatando que a parturiente apresentava dilatação completa, mas "que a placenta ainda estava íntegra e o bebê estava 'muito alto'". Ainda de acordo com a denúncia, durante horas seguidas Ana Paula foi deixada em sofrimento, a aguardar que o parto ocorresse espontaneamente.


  Durante todo esse lapso temporal, afirma o promotor Rildo Carvalho, ela não foi atendida pelo médico plantonista, que não se encontrava no hospital. "De modo completamente inexplicável, o plantão foi assumido por técnicas de enfermagem, cuja formação profissional dista profundamente daquela dos profissionais médicos gabaritados a tal mister", sustenta o promotor. 

  ROMPEU PLACENTA

  Ele denuncia, ainda, que a enfermeira Joelma, para facilitar a expulsão do feto, rompeu a placenta da gestante, mas, ao invés do bebê surgir no canal de parto, foi o cordão umbilical o primeiro a ser expulso do corpo da mãe.

  Mesmo assim, a parturiente foi orientada pelas enfermeiras a colaborar com o parto, na tentativa de fazer expulsar o feto, mas apenas o cordão umbilical apontava, o qual, explica o promotor, elas empurravam novamente para o ventre da mãe, em "um quadro de verdadeiro horror".

  Somente por volta da meia-noite, as enfermeiras ligaram para a residência do médico, informando-o do problema, e ele, ao finalmente cientificar-se da gravidade do caso, requereu por telefone que acionassem um anestesista e preparassem a paciente para ser submetida a uma cirurgia cesariana. Entretanto, explica o representante do MP, o hospital não dispunha de anestesista, sendo a gestante encaminhada para o Hospital Clise, onde recebeu a notícia da morte de seu filho e sofreu uma cirurgia para retirada do feto.
   "A paciente deveria ter sido atendida e acompanhada por médico devidamente habilitado e submetida a todos os procedimentos requeridos ao seu caso, inclusive com relação à cirurgia que salvaria a vida de seu filho, mas o Hospital Semec mantém em plantão uma equipe unicamente formada por enfermeiros e, pior, não dispõe de estrutura para atendimento cirúrgico", denuncia o promotor.