Direito

DELEGADO DIZ QUE DEPORTAÇÃO DE 8 ESPANHÓIS EM SSA NÃO É RETALIAÇÃO

É a mesma moeda que está acontecendo na Europa
| 07/03/2008 às 10:06
Pedro Lima e Patrícia Rangel, dois dos barrados por discriminação, no aeroporto de Madri (T/Rep)
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   O delegado da Polícia Federal Francisco Miguel Gonçalves disse nesta sexta-feira que liderou a deportação de oito espanhóis, na noite de ontem (6), por respeito à lei, e não por retaliação às deportações efetuadas recentemente por parte da Espanha.

   Gonçalves é chefe do setor de imigração do aeroporto internacional de Salvador (BA) há dez anos. "Não é represália. É um trabalho de rotina que visa prevenir a imigração ilegal e o tráfico de drogas sintéticas e que foi intensificado na semana passada, por ordem do superintendente da Bahia".
 
  Deportação de estrangeiros é uma coisa que acontece sempre aqui, mas em menor escala --um ou dois passageiros por vez."


   Na quarta-feira (5), dois jovens mestrandos brasileiros que participariam de um congresso de ciências sociais em Lisboa (Portugal) ficaram retidos no aeroporto de Madri (Espanha), onde o vôo --da Iberia-- fazia uma escala. O caso teve repercussão devido ao tratamento que eles dizem ter recebido no aeroporto --teriam ficado horas impedidos de se alimentar ou telefonar.

   Diariamente, mais de dez brasileiros são impedidos de entrar na Espanha, de acordo com o cônsul-geral do Brasil em Madri, Gelson Fonseca. Só em fevereiro, foram 450.


   Toda a situação provocou um mal-estar entre Brasil e Espanha, e o Ministério das Relações Exteriores, agora, ameaça endurecer as regras para entrada de espanhóis no país.


   Por isso, a deportação dos oito espanhóis, em Salvador, foi vista como o início de retaliação. "Eu não acho que é preciso fazer retaliação. Basta que se aplique a lei brasileira. Eu, aqui, só apliquei a lei 6.815 (a chamada Lei do Estrangeiro), que prevê toda fiscalização necessária", disse.


Espanhóis
deportados


De acordo com o delegado, os oito espanhóis deportados --cinco homens e três mulheres com idade média de 26 anos-- ou não conseguiram comprovar ter meios para subsistir no Brasil ou não tinham onde se hospedar.


 Fonseca afirma que um dos espanhóis tinha cem dólares no bolso e ficaria 20 dias no Brasil. Outro, que tinha apenas R$ 160, afirmou que tinha como se manter e apresentou um cartão de crédito vencido em 2006. Um terceiro era um agente de viagens que vinha ao país fazer reportagem para vender pacotes a turistas, porém tinha extrapolado o prazo máximo de estada --180 dias em um ano.

  O delegado afirma que os espanhóis chegaram a Salvador em um vôo da Air Europa, às 21h30 de ontem, e embarcaram de volta ao país apenas duas horas depois, às 23h30.