Cultura

O CUIDADO, A DENGUE E O MEIO-AMBIENTE, por LILIANA PEIXINHO

Liliana Peixinho - Jornalista, ativista humanitária. Especialização em Jornalismo Científico, Meio Ambiente e Tecnologias da Comunicação.
Liliana Peixinho ,  Salvador | 07/03/2024 às 08:44
Liliana Peixino e a AMA
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Para salvar vidas existem problemas complicados, como negociações diplomáticas ruidosas, manifestações por garantias de direitos, lutas por senso humanitário em ambientes de guerra, planeta afora!

Como desafio é o que move a vida, num outro cenário, também grave, com o inimigo em casa, existem atos simples, de cuidados domésticos cotidianos, que cada um de nós pode fazer, para afastar agentes que também matam, como o mosquito Aedes aegypti.

Em todo o mundo a OMS - Organização Mundial de Saúde, relatou mais de cinco milhões de infecções por dengue e cinco mil mortes pela doença. A maior parte, 80% desses casos, o equivalente a 4,1 milhões, foram notificados nas Américas, seguidas pelo Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental.

O mosquito transmissor da dengue é originário do Egito, na África, e vem se espalhando pelas regiões tropicais e subtropicais do planeta desde o século 16, período das Grandes Navegações. Considera-se que o vetor foi introduzido no Novo Mundo, no período colonial, por meio de navios que traficavam escravos.

Estudos sobre a prevalência da dengue estimam que cerca de quatro bilhões de pessoas, em 128 países, estão em risco de infecção pelos vírus da doença. E o Brasil é país com mais casos de dengue no mundo. Pois é, acredite, e tente aí imaginar porquê?

Pensar e agir sobre a sua, a minha, a nossa contribuição, em cuidado preventivo, é super importante para resignificar sentidos do viver digno nos ambientes onde a vida acontece, diariamente, em casa, no trabalho, na escola, na rua.

Lembram dos japoneses limpando o lixo no estádio de Pernambuco, na Copa? O
Japão mostrou a rapidez com que age quando o assunto é saúde pública e mesmo não familiarizado com doenças tropicais, dá exemplo de eficiência no combate à dengue. Mal foi divulgada a notícia de que 47 japoneses haviam contraído dengue e já se tomaram providências contra um eventual surto (seria o primeiro em sete décadas).

A dengue é fato grave, epidêmico, e pode ser evitada identificando e eliminando possíveis criadouros, através da limpeza frequente , cuidadosa, de locais como quintais, jardins, cozinhas, varandas, e todo canto onde a água é elemento presente.

Esse tempo de calor e chuva, com acúmulo de "lixo", o ambiente fica confortável para a ação de diversos agentes de doenças, como o mosquito da dengue, e prolifera, cidades afora.

Precisamos nos atentar e agir com responsabilidade para evitar a dengue. O Movimento ativista AMA-Amigos do Meio Ambiente desenvolve, desde 1999, a campanha "DESPERDICIO ZERO, LIXO ZERO, FOME ZERO, AMBIENTE 10" como instrumento educativo, de informação. Para incentivar práticas limpas o AMA reconhece e fortalece ações de saneamento de pessoas, donas de casa, empresas, escolas, comunidades, que atuam como Amigos do Ambiente, em consciência coletiva no cuidado em uso e descarte doméstico.

O Movimento AMA difunde, a 23 anos, informações sobre a desconstrução do conceito "lixo" (como algo sujo, que não presta) para a prática da cultura dos Rs, Resignificando os Resíduos rumo ao LIXO ZERO. O hábito da simples e cuidadosa separação por produto (alumínio, papel, vidro, roupas, sapatos, plástico, madeira, orgânico), em casa, ajuda o catador, humaniza o ambiente, reduz o uso da matriz Natureza e alimenta uma Economia, limpa, inteligente, racional, circular.

Para a prática doméstica em Cultura dos Rs - Racionalizar, Reaproveitar, Reduzir, Repartir, Resignificar, com arte e harmonia, basta mudar o comportamento massivo de "jogar fora", de qualquer jeito, para um manuseio cuidadoso, criterioso, de forma responsável, numa cadeia harmoniosa de uso e descarte.