Cultura

A DIFICIL MISSÃO DO CRITICO DE CINEMA NO BRASIL, por DIOGO BERNI

Diogo Berni é critico de cinema
Diogo Berni , Salvador | 24/01/2022 às 19:06
Documentário | Cor | Digital | 76 min | PE | 2007 Direção: Kleber Mendonça Filho
Foto: REP
Setenta críticos e cineastas discutem o cinema a partir do sempre interessante conflito que existe entre o artista e o observador, o criador e o crítico. Entre 1998 e 2007, Kleber Mendonça Filho registrou depoimentos sobre esta relação no Brasil, Estados Unidos e Europa, a partir da sua experiência como crítico. Com depoimentos reveladores de criadores como Gus Van Sant, Tom Tykwer, Eduardo Coutinho, Curtis Hanson, Carlos Reichenbach, Walter Salles e Carlos Saura, o crítico abre uma janela para uma arte cada vez mais julgada por mecanismos de mercado, e que luta para permanecer humana tanto no fazer, como no observar.

A mente humana, ou seja, a capacidade de termos de pensar nos distingue dos demais animais, nos tornando assim racionais. A profissão crítico de arte, e aí englobo todas as artes, tem a missão em ser o mais racional possível, tarefa que, por vezes, fica impossível pelo critico ser antes de crítico, um ser humano; não à toa que a famosa frase impera até hoje no meio, que “Toda critica é uma autocrítica”, e por isso destinada a uma análise pessoal da obra a ser “criticada”. 

Existem dois tipos de crítica, a primeira é falar negativamente da obra, porque naturalmente olhamos os defeitos com mais clareza do que os adjetivos, isto é fato: coisa de ser humano, inevitável, diria assim. A segunda crítica existente é aquela que olha a obra, e mesmo não esquecendo seus defeitos, pois é assim que a obra fica mais “visível” para ser “consertada”, e dá uma segunda versão a obra, ou um sentido mais “acabado”, “notoriozo”.

 Por estar no limiar entre o criar diante de uma obra criada, ou melhor, encontrar argumentos para “bater uma bola” por aquilo que já fora feito, a profissão crítico é penosa e pouco reconhecida, principalmente financeiramente, aqui no Brasil. 

A função em ser a ponte entre o autor e o público parece ser pouca coisa para a sociedade, todavia o crítico se presta também a ser uma bussola para todo o meio em que atua, sendo ajudando a escolher filmes selecionáveis para a curadoria dos festivais, e até, ou principalmente, sendo um aliado, ou um opositor, para uma boa projeção de um filme, ou seja, se fará sucesso de crítica e publico, ou não.

Filme visto na 25 Mostra de cinema de Tiradentes, de 21 a 30 de janeiro na plataform.

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