Cultura

MONASTÉRIO SÃO VICENTE DE FORA CONTA HISTÓRIA DE PORTUGAL EM AZULEJOS

Uma dos conjuntos arquitetônicos mais representativos do maneirismo, em Portugal
Tasso Franco , Lisboa | 20/01/2022 às 11:51
Obra monumental na Freguesia de São Vicente
Foto: BJÁ
   A igreja e o monastério de São Vicente de Fora na Freguesia de São Vicente, em Lisboa, são um conjunto arquitetônico e regligioso dos mais valiosos da cidade, quer por sua dimensão, inovação arquitetônica, localização e valores em obras de arte do patriarcado da capital portuguesa. Abriga, em sua monumental azulejaria a história de Portugal - no momento há uma exposição sobre as Fábulas de La Fontaine, todas as histórias em painéis de azulejos - e a história da igreja no país com painéis em óleo de todos cardeais do patriarcadoi de Lisboa.

  São de uma monumentalidade que impressiona com imensos corredores sustentados em arcos, peças valiosas em ouro e prata e tudo isso o visitante pode ver incluido uma subida a torre do monastério - 210 degraus ida e volta a partir da portaria - donde se tem uma visão espetacular do rio Tejo, da sua boca de entrada na altura da ponte Vasco da Gama pagando 5 euros. O acesso à igreja ao lado do monastério - na verdade um corpo arquitetônico integrado - é gratuita.

  São Vicente - santo pouco cultuado na Bahia - é o padroeiro de Lisboa quando suas relíquias foram transferidas do Algarve para uma igreja fora das muralhas, as antigas muralhas romanas, em 1173. Daí advém o nome São Vicente de Fora (de fora das muralhas) quando D. Afonso Henriques mandou erguer um templo em louvor a São Vicente. Esse santo foi proclamado padroeiro de Lisboa em 1173, quando as suas relíquias foram transferidas do Algarve para Lisboa.

 Dom Afonso Henriques - ou Afonso I - foi o primeiro rei de Portugal cognominado "O Conquistador" responsável pela expulsão dos árabes e que reinou entre 1140/1143 até o Tratado de Zamora. Era filho de Henrique, Conde de Portucale e sua esposa Teresa de Leão, que, com a morte do conde Henrique, "ascende rapidamente ao governo do condado, o que confirma o carácter hereditário que o mesmo possuía". Com a ajuda dos cruzados e outros expulsa os árabes de Portugal e instala o reino.

OBRA QUE EXISTE ATUALMENTE

A construção da obra atual se inicia em 1590 pela mão do arquiteto e engenheiro Filippo Terzi (1520 - 1597) segundo um desenho do arquitecto espanhol Juan de Herrera (1530 - 1597), e o arquitecto português Baltasar Álvares. Este último leva consigo uma aprendizagem erudita do Maneirismo romano adquirida através de seu tio arquiteto e engenheiro português Afonso Álvares. Nasce assim um novo estilo arquitetónico em Portugal que viria a servir como modelo nas seguintes construções religiosas. A obra foi concluída em 1627.

Na igreja é possível identificar nesta igreja a presença dos estilo Góticos e Barroco. Devido à forte presença militar e religiosa a arquitetura portuguesa, em certa medida terá sido censurada, mantendo os princípios de estilos anteriores.[2]

É considerada a grande obra arquitetónica da Dinastia Filipina (espanhola) e serviu como modelo nas seguintes construções religiosas. Foi mandada construir fora das muralhas, e por esse motivo surge o nome de São Vicente de Fora.

A igreja e o mosteiro contam com um notável recheio artístico do século XVII, época de D. Pedro II e de D. João V, reconhecido por um período que foi rico para as artes. Contém peças de azulejaria barroca com mais de 100 mil azulejos do período barroco, fábulas de La Fontaine e algumas pinturas de renome desde Seculo XVII até finais do seculo XVIII.