É cada causo. Mande o seu para o Bahia Já.
Esse causo é tão antigo quanto o Carnaval de Salvador e tem várias versões com nomes de personagens diferentes, aqui chamados do casal Sêo Alfredo e Dona Didi.
Antigamente, não tão antigamente assim, lá pelos idos de 1960, o Carnaval de Salvador se limitava a Rua Chile, Avenida Sete e Barroquinha.
Bebia-se tanto quanto se bebe hoje e as malandragens dos casados eram muito parecidas com as existentes na atualidade.
Então Alfredo sai do escritório de contabilidade na sexta-feira véspera do Carnaval e quando chegou em casa disse a esposa, Dona Didi, que iria dar um plantão no sábado para atualizar algumas escritas.
Pesaroso, recomendou a esposa que fosse a Avenida Sete e levasse as crianças, seus filhos, para assistir o desfile do Carnaval. Naquele ano, o dever, o trabalho, falava mais alto e ele não brincaria o reinado de Momo.
Dona Didi, que já conhecia as "armações" de Alfredo consentiu assim como se estivesse de olho no padre e com outro na missa. De toda sorte, não telefonaria para o escritório nem perturbaria Alfredo.
No sábado do Carnaval, como combinado, Dona Didi pegou os meninos e foi sentar-se em frente da calçada da Loja Os Gonçalves que ficava próximo do Relógio de São Pedro, lugar animadíssimo do Carnaval.
Alfredo, de sua parte, reuniu alguns amigos pôs uma máscara de pano preto com chifres nos rosto e caiu na gandaia. E tome cerveja, nessa época ainda vendida em garrafa, e umburosca com Saborosa, a cachaça da moda.
O grupo foi a Barroquinha acompanhando uma batuca, seguiu pela Rua Chile e pegou a Avenida Sete. Já passa das 18h quando, por norma da Secretaria de Segurança, os mascarados tinham que retirar as máscaras dos rostos. Alguns, como aconteceu com Alfredo, mantinha a máscara na cabeça livrando-a do rosto, como fazem algumas pessoas usando óculos na cabeça.
Lá pras tantas encontra Dona Didi e os meninos na Avenida e, cheio de goró, começa a sacanear com a "velha".
- Velhota, peito caído, carinha de sapo. Quem são esses dois sapinhos que lhes acompanha. E, por cima, dava gargalhadas e mostrava sua senhôra (como se dizia) aos amigos.
Dona Didi foi inchando de raiva, sobretudo depois que o caçula futucou a perna da mamãe avisando: - É papai mamãe.
Sem perder a classe, Dona Didi puxou o esposo pelo braço encostou a boca no seu ouvido direito e disse:
- Tome vergonha na cara e pelo menos ponha a máscara no rosto seu safado.