A censura à liberdade de expressão avança na Bahia
Está difícil entender a cabeça e a postura do prefeito de Salvador, João Henrique (PMDB) diante da ação que moveu contra o radialista Mário Kértész e suas empresas de comunicação censurando suas críticas, notificação feita pela juiza da 2ª Vara Civil, Silvia Lúcia Bonifácio Carvalho.
Ao tempo em que alega perseguição via MK "desde que tomou posse", pelo menos até esta manhã de quinta-feira, 21, mantinha na Rádio Metrópole comerciais da Prefeitura de Salvador, o que destaca como Prefeitura de Participação Popular, com recebimento de prêmio para a Secretaria Municipal de Educação.
Ora, se o prefeito entende que MK o persegue, que seus veículos de comunicação são, assim, uma "espécie de Lucifer, de Lilite, do Rabão, do Vermelho" não deveria utilizá-los para efeito de fazer propaganda do seu governo.
Em postura democrática entende-se que um prefeito ou governante qualquer seja criticado e coloque anúncios num veículo de comunicação. É até recomendável e politicamente correto.
Mas, no caso em que o gestor se sente perseguido e parte para a censura via judicial e até via indireta como foi o caso da retirada dos outdoors da Revista Metrópole, e não se utiliza do direito da resposta no uso do próprio veículo para defender-se, torna-se muito estranho que a Prefeitura mantenha comerciais numa empresa "que o condena".
Adiante, poderia até passar de bom moço, em tese, ao dizer "mesmo perseguido mantive comerciais na rádio dele", o que soaria, no mínimo, como desproposital.
PAULO SOUTO
Mário Kétész desde a última quarta-feira, 20, vem recebendo a solidariedade de vários ouvintes, autoridades, órgãos de classe e políticos. O presidente da ABI, Samuel Celestino, em depoimento emocionado criticou duramente a postura anti-democrática do prefeito JH e disse que estava assustado com o retorno dos tempos da ditadura militar recente no Brasil.
Nesta quinta-feira, pela manhã, o ex-governador Paulo Souto também se solidarizou com MK e, mais moderado, defendeu o direito sagrado de "exercer com independência o poder da crítica".