Colunistas / Esportes
Zé de Jesus Barrêto

BAVI dançam na chuva com bons resultados na Série B

Uma bandalheira no futebol argentino deixa o Boca fora da Libertadores
17/05/2015 às 12:07
Os torcedores do Bahia e do Vitória comemoram os resultados obtidos pelos times baianos na segunda rodada do Brasileirão Série B, um alento. 

Na sexta à noite, debaixo de muita chuva e sem torcida em Pituaçu, o tricolor goleou o Mogi-Mirim com uma certa tranquilidade – 4 x 1.  No sábado à tarde, em Osasco, o Vitória venceu o Oeste (SP)- 2 a 1, sem jogar bem e graças a  mais um desempenho de destaque do goleiro Fernando Miguel que até pênalti defendeu.

Nada para se festejar muito, porém os três pontos ganhos valem mais que tudo, é o que conta numa competição dessa, longa e de pontos corridos. 

Então, vamos em frente, torcendo e lembrando que o Bahia está mais encaixado, jogando melhor, com um padrão definido, mas ...  não é uma equipe pronta e acabada, favorita ao título como alguns torcedores já dizem. Precisa mostrar mais e conseguir uma sequência de triunfos, atuando bem, convencendo. Já o Vitória ...  não tem mostrado bom futebol, está jogando feio, tem problemas defensivos graves, dá chutões e vem se valendo das ótimas atuações de seu goleirão. Até quando?   

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  De virada

  Com as arquibancadas do estádio José Liberatti às moscas, o Vitória  enfrentou e venceu, de virada, o Oeste, clube que tem parceria com o Audax-Osasco, dirigido pelo ex-atleta Vampeta, meia campeão do mundo revelado no rubro-negro baiano, e que tem como treinador o ex-jogador Roberto Cavalo, com passagem destacada também no Vitória: era o capitão da equipe vice-campeã  brasileira em 1993. Um duelo de rubro-negros, em todos os sentidos. 

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O time paulista abriu o marcador logo aos 9 minutos, após uma bola alçada na área e trapalhadas da zaga baiana: Waguinho não perdoou: 1 x 0, batendo forte e sem chances para o goleiro. Aos 24’, Junior Negão recebeu livre, de frente, mas desperdiçou boa chance de ampliar. O time da casa parecia mais à vontade, chegando, ameaçando, chutando, as bolas raspando...  Já o rubro-negro baiano mostrava dificuldades na articulação pelo meio campo e expunha os velhos problemas defensivos.  Mas o futebol é um jogo matreiro. Aos 34’ , veio o empate. Escudero bateu falta de longe (arrumada na malandragem de Vander), a bola quicou e o goleirão Paes aceitou: 1 x 1.   Aos 41’ Fernando Miguel salvou, após ótima jogada pelo meio e finalização forte de Mazinho, da entrada da área. 

O Oeste tinha o aparente domínio do jogo e chegava mais, mas o Vitória chegou à virada após um chutão da sua defesa  e um grosseiro vacilo defensivo do time paulista, a bola sobrou para Elton que bateu de canhota, por cobertura, pegando o goleirão adiantado, mal colocado: 2 x 1 , aos 45’. Caiu bem demais esse gol achado. 

No recomeço, um novo panorama: o time da casa com a iniciativa e o Vitória na moita, contra-golpeando, explorando os erros do adversário, mais bem postado em campo, saindo só na boa. Aos 17’, o árbitro viu pênalti de Ramon puxando o atacante Junior Negão pelo braço: o mesmo Junior Negão bateu forte, a meia altura, para ótima defesa do goleiro Fernando Miguel que evitou assim o empate. 

Daí, o jogo ficou feio, com o Vitória todo atrás, sofrendo pressão, até o final. A melhor chance aconteceu aos 34’; num chutaço de fora, a bola venceu o goleiro Fernando Miguel mas o travessão salvou o Vitória, pela segunda vez. 

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Os atletas Edinei e Mansur, do Vitória, a certa altura do segundo tempo,  se encararam, nariz com nariz, trocaram xingamentos e quase saem na mão grande, câmaras filmando.  Que há ? Pega mal para os atletas, a equipe e o clube.


Próximos jogos

No meio da semana o rubro-negro baiano recebe o Asa de Arapiraca, no Barradão, pela Copa do Brasil. O primeiro jogo, em Alagoas, rolou empate. Basta vencer e o time baiano segue na competição.

O próximo jogo do Vitória pelo Brasileirão/Série B é em casa, próximo fim de semana, contra o Bragantino (SP).

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O rubro-negro anunciou a contratação do meia Pedro Kem, que atuou no Vasco, ano passado e estava no Coritiba. Está de volta, porque não faz muito, esteve no Vitória, com um certo destaque. Sabe jogar, conhece o meio de campo e tem muito espírito de luta. 

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 Gols sob toró

 Na sexta à noite, chuvarada, arquibancadas de Pituaçu vazias e um gramado liso, sem reparos, o Bahia não encontrou muitas dificuldades em campo para golear o Mogi-Mirim, de São Paulo, pela segunda rodada do Brasileirão Série B – 4 x 1. Dois belos gols do garoto Zé Roberto, atuando nas funções de Kieza (lesionado e fora de ação por três, quatro semanas), um gol enfim do Leo Gamalho e um outro, o de abertura do argentino Maxi Bianccuchi que voltou a jogar bem e fez  a diferença. 



O Mogi tem como presidente o ex-atleta Rivaldo, aquele meia pernambucano campeão do mundo ao lado de Ronaldão Fenômeno, que jogou também no Barcelona e ja foi eleito pela FIFA como melhor jogador do planeta; o treinador é Edinho Nascimento, o filho de Pelé, que já foi goleiro do Santos e andou encrencado com traficantes de droga. 

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Foi um bom resultado, três pontos ganhos em casa, o time fazendo gols, a meninada dando boa resposta em campo, a equipe jogando coletivamente, marcando na frente, sem tomar sufoco... e o torcedor quer  acreditar cada vez mais numa boa temporada 2015. É cedo!

Não foi uma primeira etapa fácil, de domínio tricolor. O time tinha dificuldades na saída de bola e os passes mais à frente não saíam a contento. Mas, num chutão longo para o lado direito, a zaga não cortou bem e Maxi ganhou na corrida, cortou para dentro e colocou de esquerda, com classe, aos 17 minutos- 1 x 0. O empate saiu aos 30, num cochilo defensivo tricolor, o goleiro Douglas Pires vencido e a cabeçada quase  em cima da linha do avante Geovani – 1 x 1. Antes de o árbitro apitar o fim da primeira etapa, Pittoni levantou de longe e Zé Roberto subiu mais que o zagueiro testando forte: 2 x 1. Um alívio.

Logo na saída de bola da segunda etapa, o gol mais bonito: Maxi fez boa jogada pela direita e cruzou a meia altura para Zé Roberto pegar de voleio, de prima, enchendo o pé : 3 x 1. Dai por diante a chuva caiu forte, o time paulista não ameaçou muito e o Bahia administrou o tempo, esperando o erro adversário para encaixar contragolpes. Num deles, mais uma vez Maxi envolveu a defensiva, pelo lado direito, e pôs a pelota na cabeça de Leo Gamalho, livre, diante do goleiro; o atacante perdeu a cabeçada mas pegou o rebote e fez 4 x 1. 

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O que vem

O tricolor recebe, no meio da semana que entra, o Luverdense (MT) na partida de volta pela Copa do Brasil. Como empatou ( 0 x 0 ) no primeiro confronto, no Brasil Central, atuando com uma equipe formada por jogadores advindos da base, agora o tricolor joga por um triunfo simples para continuar seguindo na competição.

No próximo sábado à noite, pela terceira rodada da Série B, o time vai a Maceió enfrentar o valoroso CRB das Alagoas, no estádio Rei Pelé. Lá é sempre jogo duro, mas a meta nessa competição é vencer e ir acumulando pontos, sem descuidos. Sò assim é possível chegar entre os quatro primeiros e voltar à primeirona em 2016.  

É só o começo. A campanha é longa, vai até o final de novembro.  

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Filho de peixe...

Jeanzinho, o goleiro do Bahia, de 19 anos, está confirmado no grupo que disputará o Mundial Sub- 20, que começa no dia 30 de maio, na Nova Zelândia. É o único atleta do Nordeste selecionado. Axé e boa sorte pro garoto. 

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Terceirona com pimenta

A Série C do Brasileirão, ou o chamado ‘inferno’ da ‘terceirona’, está bem animada este ano, com a participação de equipes conhecidas, de grandes torcidas e algumas que até já disputaram a Série A.  

Exemplos: América de Natal, ASA de Arapiraca, Botafogo (PB), Confiança (SE), Fortaleza, Icasa (CE), Salgueiro (Pe), Brasil de Pelotas, Juventude e Caxias (RS), Guarany de Campinas, Londrina (PR), Portuguesa/Lusa (SP) ...    Vai ser uma Série C, uma ‘terceirona’ quente, disputadíssima.

Bahia e Vitória já andaram por lá, chafurdando na Série C, onde, dizem , ‘o filho chora e a mãe não vê’.

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Sujeira na Libertadores

Cruzeiro de Minas e Internacional (RS) restaram com os nossos representantes na Copa Libertadores da América, afunilando-se em rodadas finais de ‘mata-mata’ até chegarmos ao Campeão.

Nessa semana que se finda o assunto foi  a vergonheira no manjado ‘La Bombonera’, de propriedade do Boca Júniors, onde o time da casa costuma exercer toda sorte de pressão para ganhar seus jogos na tora.  O confronto era com o grande rival, o River Plate. 

Boca x River é uma espécie de Ba Vi, Gre Nal, Flamengo x Vasco ...  clima de guerra. 

 No intervalo, quando as esquipes voltavam do vestiário para o campo, os atletas do River foram agredidos por torcedores estúpidos com gás de pimenta que provocou queimaduras em alguns jogadores e afetou as vistas. 



O jogo foi suspenso e o Boca deve ser punido pela Conmebol com a perda do jogo e a suspensão do tradicional clube da competição, não se sabe por quanto tempo. 

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 Claro que o Boca Juniors, sua direção, deve ser apenado, bem punido. O clube é responsável pela segurança, só havia torcedor do Boca nas arquibancadas lotadas... e como se permite que torcedores violentos conhecidos entrem no estádio portando  gás de pimenta?  Francamente!  
Há um histórico de violências e lambanças na Libertadores, não é só na Argentina,  e isso vem de longe. Na década de 60 do século passado, a extraordinária equipe do Santos de Pelé abandonou a competição, deixou de disputá-la  depois que a venceu por duas vezes, em função do clima hostil fora e dentro de campo,  com seus jogadores ameaçados fora e caçados no gramado, sob a complacência de árbitros, dirigentes/cartolas e federações.  

Aqui mesmo, no Brasil, em pleno Morumbi, já aconteceram coisas absurdas, com quebra-quebra de vestiários. Quem não se lembra da ‘batalha’ campal do Flamengo, no Chile, quando a equipe de Zico foi campeã, anos 1980 ?! 

Que esse fato de agora, no lendário La Bombonera, com repercussão negativa no mundo inteiro, possa marcar uma nova era, mais decente do ponto de vista esportivo, na América Latina.

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Em junho, agora, tem a Copa América, de seleções, no Chile. Esperamos um futebol limpo e bem jogado em campo, sem lambanças e sem arbitragens pusilânimes, com um clima cordial fora dos estádios também. 

Somos ou não povos civilizados ?