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Famosa tartaruga das Ilhas Galápagos pode ser a chave para longevidade

Os cientistas também sequenciaram e analisaram o genoma de outra espécie, a tartaruga gigante do atol de Aldabra
Nara Franco , Salvador | 07/12/2018 às 19:01
Famosa tartaruga das Ilhas Galápagos pode ser a chave para longevidade
Foto: div

Uma equipe internacional de cientistas sequenciou pela primeira vez o genoma completo de George Solitário, a famosa tartaruga gigante da ilha de Pinta que morreu com pouco mais de 100 anos. O quelônio era o último integrante da subespécie Chelonoidis nigra abingdoni e por décadas seus cuidadores tentaram fazer ele se reproduzir com fêmeas de uma espécie parecida. No entanto, George Solitário morreu no dia 24 de junho de 2012 sem deixar descendentes.

George Solitário tinha em um de seus genes variantes relacionadas com a reparação do DNA, sua resposta imunológica e a supressão de células cancerígenas, que poderiam ajudar, no futuro, o estudo de longevidade dos seres humanos.

"George Solitário ainda nos dá lições", disse Adlagisa Caccone, pesquisadora do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade de Yale e uma das autoras do estudo.

Os cientistas também sequenciaram e analisaram o genoma de outra espécie, a tartaruga gigante do atol de Aldabra (Aldabrachelys gigantea), a única espécie viva de tartaruga gigante do Oceano Índico.

Para analisar o genoma de George os cientistas partiram de pesquisas anteriores sobre seres humanos.

"Uma publicação que se chama The Hallmarks of Ageing (Marcos do Envelhecimento, em tradução livre) traz nove características do envelhecimento. Usamos essa informação prévia sobre genes envolvidos nessas características para estudar como estão esses genes no George", explicou Quesada.

"Ou seja, usamos sequências humanas e procuramos as equivalentes no genoma de George. Pesquisadores jovens ficaram focados exclusivamente nessas sequências."

Os cientistas identificaram mais de 3 mil genes e escolheram 500 dentre esses "porque têm algum papel nas questões ligadas ao envelhecimento".

Uma das surpresas foi a descoberta de variantes de genes relacionados com o sistema imunológico. "Queríamos saber se há algo diferente nos genes envolvidos na resposta imunológica", disse Quesada.

"Escolhemos genes que sabemos que, em humanos, estão envolvidos na resposta imunológica. Encontramos diferenças, por exemplo, no número de cópias", acrescentou o cientista da Universidade de Oviedo.

O pesquisador espanhol diz que o envelhecimento é "enormemente complexo e não depende de um só fator, mas sim de vários, também ambientais".

"O que estamos fazendo é desmembrar essas características tão complexas em partes menores. Nesse momento ainda não estamos planejando intervenções diretas sobre o envelhecimento humano."