Tecnologia

BAHIA HOJE: Como produzimos o jornal do amanhã em 1993 (Tasso Franco)

Corria no ano de 1993 quando o Bahia Hoje entrou em circulação e obrigou todos os outros jornais mudarem suas plantas industrial, comercial, circulação e redação
Tasso Franco , da redação em Salvador | 31/10/2017 às 10:57
Bahia Hoje totalmente informatizado, uma raridade para época
Foto: Arquivo Pessoal
  Produzi a seguinte manchete num caderno especial para lançar o Bahia Hoje: Como se produz o jornal do amanhã. Na capa, um computador e uma mão em verde com recortes e texto que dizia no lead: "É dificil a missão de colocar um jornal nas bancas para servir aos leitores, a Bahia e ao Brasil. Cumprimos esta missão ao inaugurar o Bahia Hoje. Um projeto audacioso e criativo no plano editorial, revolucionário na dimensão tecnológica, competitivo e ágil nas áreas comercial e administrativa". Pedro Irujo assinou o texto. Era dia 23 de julho de 1993. 

  O Bahia Hoje era o primeiro jornal do Estado da Bahia totalmente informatizado. E era o primeiro do país com todos os setores, das editorias às áreas de criação, produção industrial e administração, interligados por terminais de computador. Havia jornais com partes ou editorias computadorizadas. Mas, de forma integral - redação, administração, comercial, distribuição e arquivo, etc - fomos pioneiros no país.

  O start da democratização da informação. Repórteres, redatores e editores poderiam ler as matérias produzidas em mais de 50 microcomputadores, disponíveis apenas à redação e interligados por mais de um quilômetro de cabos, instalados por toda instalação do prédio da Juracy Magalhães Jr, 1200. E, já consultar, on-line arquivos, ainda sem o Google, mas, num sistema que desenvolvemos.

   Era o primeiro veiculo da midia imprensa nacional totalmente informatizado, da portaria às oficinas. Na área administratica e comercial haviam 30 computadores, no telemarketing de classificados mais uma dezena, o acesso dos funcionários era por ponto eletrônico, a distribuição e cobrança das bancas, idem. 

  Havia serviços dedicados com 3 números chaves, na redação, nos classificados, no comercial, em assinaturas. Na época, o diretor industrial e tecnóligo, Antonio Martins, 32 anos, dizia: "Não estaremos prisioneiros da tecnologia. Estamos presos a idéia de fazer o melhor". Como eu próprio dizia: "Nosso negócio maior é a noticia, a informação, e utilizaremos a tecnologia para nos auxiliar".

   Toda turma era muito jovem. O mais velho era eu, com 47 anos. Depois os editores - Otto Freitas, ZéBarrêto de Jesus e Limiro Besnosik na faixas dos 35/40 anos - e uma imensa maioria dos profissionais na faixa dos 20 anos de idade.

   Na editoria de Arte com uma equipe jovem sob comando de Tarcísio Duarte e Caúh Gomes operávamos com PC 486 DC, o Corel Draw (na época super cobiçado e raro) Macintosh Quadra 800 e scanner Sharp 600 DPI. Na fotografia instalamos reveladoras Fuji Minilab 230B que revelavam 2 filmes coloridos de 36 exposições cada em menos de 15 minutos. 

   Fred Passos, o editor de fotografia, na época com 40 anos de idade, pilotava um sistema Fotovix de pré-edição acoplados a monitores de TV de alta definição. Acabamos com o papel e aqueles imensos laboratórios dos jornais. De quebra ainda usavamos um ampliador Laica para selecionar as fotos.

   AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE

   Fomos nós, do Bahia Hoje, que ensinamos os primeiros passos as agências de publicidade da Bahia a fazer comerciais em sistemas computadorizados que iria, também, modificar as estruturas das direções de arte e criação dessas empresas. Assim como modificou os antigos "past-up" dos classificados que eram montados a mão e cola nos jornais.

   No próximo texto vamos falar de outras inovações numa entrevista recente que fizemos com Antonio Martins (TF)