Colunistas / Política
Tasso Franco

JOÃO VIRA AVE DE AGOURO NO PRATO ONDE TODOS COMERAM

JH é candidato a governador pelo PP
03/10/2012 às 16:02
Foto: Fernando Vias/ A Tarde
JH com seu primeiro secretariado e ao fundo Nelson Pelegrino
   Quando Waldyr Pires (PMDB) foi eleito governador da Bahia, em 1986, perguntaram a Genebaldo Correia se seria o fim de ACM. Nessa época, ainda não se falava do "carlismo" como hoje. Genebaldo, político experiente, respondeu: "Nada, o homem é uma peçonha (destila veneno)". Quatro anos depois, ACM votou ao poder pelo voto direito.

   Estou narrando esse episódio para situar, na atualidade, a figura politica do prefeito João Henrique, o qual nestas eleições se transformou numa "ave-de-agouro", num "peçonhento". Ou seja, ninguém quer encostar nele ou com medo do seu "veneno" (provavelmente letal) ou do seu agouro, todos aqueles que, no dizer popular "estão cuspindo no prato que comeram".

   Tudo bem que a avaliação da gestão do prefeito, segundo o Ibope, seja apenas de 6% de ótimo/bom, que a cidade sofra bastante com o descontrole administrativo que proporcionou ao longo desses 8 anos, mas, é bom lembrar que JH é excelente politico, está vivo, e, no mínimo mereceria algum respeito sobretudo daqueles que participaram dos seus governos. Todos.

   Veja o seguinte: JH foi candidato pelo PDT, em 2004, com base na campanha que fez sustentada na defesa dos consumidores (contra taxa do lixo, chupa cabra, etc) e obteve 43.71% dos votos no primeiro turno para enfrentar o candidato do PLF/DEM, César Borges, o qual obteve 21.93%. Em terceiro lugar ficou Nelson Pelegrino, PT, 21.67%; seguido de Lidice da Mata e outros.

   No segundo turno, todo esse pessoal (PT/PSB/PCdoB) e mais o PSDB que estava com ele desde os primórdios deu apoio a JH para derrotar ACM. Resultado: JH obteve 74.69% dos votos e Borges 25.31%.

   Se supunha que esse apoio seria de natureza eleitoral, uma vez que JH ganharia de Borges de qualquer forma. Mas, se consignou como apoio politico. E aí, quando JH anunciou seu secretariado (vide foto acima) os secretários da Saúde, Luiz Eugênio; e da Reparação, Gilmar Santiago, eram do PT; do PCdoB, Olivia Santana, da Educação; do PSB, Domingos Leonelli, da Economia Emprego e Renda e Paulo Meireles, superintende da Sucom; e vários outros agregados a esses partidos como Juliano Matos, sup do Meio Ambiente; Luis Carlos Café, administração; e Neemias dos Reis Santos, Promoção da Cidadania.

   O tempo passou e na eleição de 2008, JH bastante desgastado, o PT entendeu que poderia chegar a Prefeitura e rompeu com a administração lançando candidato Walter Pinheiro, numa disputa interna com Pelegrino. Aí entra em cena o PMDB, com o então ministro Geddel Vieira Lima, o qual socorreu o prefeito com recursos e projetos e JH, bom politico, chorou na tv, contou um monte de lorotas, e, novamente chegou ao segundo turno, desta feita, para disputar com Walter Pinheiro.

   Nesta eleição, em terceiro lugar ficou ACM Neto; e em quarto Imbassahy, já no PSDB. Aconteceu, então, o troco do "carlismo" (se é que podemos chamar assim) Neto apoiando JH no segundo turno e este venceu o pleito com 58.46%; contra 41.54% de Pinheiro. Desta feita, o PMDB entrou firme no governo e o DEM, num segundo momento, também, participando da gestão municipal.

   Nas eleições de 2010, JH não apoia Geddel para governador, sua então esposa Maria Luiza fez um discurso na Assembleia espinafrando o candidato do PMDB e se alinhando com Wagner (tudo armado) e JH, posteriormente, deixou o PMDB e foi para o PP, com o aval de Wagner, o qual esteve no Othon Palace com Mario Negromonte na filiação de João.

   Essa é a história nua e crua como se passou. Tem lances intermediários, brigas, teve até uma morte na secretaria de Saúde, disse me disse, elogios, criticas, mas a realidade é que todos: PT, PSB, PDT, PSDB, DEM, PMDB, PRTB, PSC etc estiveram ao lado de João em algum momento. Veja que na foto acima, onde Pelegrino aparece ao fundo, só quem continua com JH é João Carlos Cavalcanti, na primeira gestão Procurador Geral do Municipios, e os demais se afastaram de JH até sua esposa e seu irmão, hoje fazendo campanhas para o PT, em Salvador, e DEM, em Feira. 

   JH está calado. Ao que se sabe, continua agindo politicamente entendendo que o que estão dizendo dele na campanha passa como nuvens, e já disse que será candidato a governador, em 2014. Digo mais, se o PP lhe conferir a legenda, vai ser um candidato forte, competitivo.

    E, não tenho a menor dúvida, muitos desses que o consideram uma "ave peçonhenta", hoje, estarão com ele, amanhã. A politica na Bahia é uma enganação e o eleitor fica sujeito a esse jogo, servindo como massa de manobra.(TF)

*** Na foto, em pé: Gilmar Santiago, Olivia Santana, Luis Eugênio, Arnando Lessa, Carlos Soares, Alexandre Brust, Nestor Neto, Domingos Leonelli.
        Sentados: João Cavalcanti, Sérgio Carneiro, Nestor Duarte (vice-prefeito), João Henrique, Maria Luiza, Carlos Sodré, Simone Souto Maior.