Colunistas / Política
Tasso Franco

OKTOBERFEST É UM GRANDE CASE DE MARKETING DO CHOPE

Trabalho de marketing coordenado em Blumenau
10/10/2011 às 09:02

Foto: BJÁ
Carrinho de bebê com o barril de chope como peça de marketing
  Em minha longa vida de jornalista nunca tinha visto um marketing integrado tão perfeito como o que se realiza na Oktoberfest de Blumenau, SC, em torno da cerveja, mais precisamente o chope como se fala por aqui. Tanto que, a música mais cantada na cidade não é de Ivete Sangalo nem de Luan Santana e sim as interpretações dos conjuntos locais intitulada "Chope", cujo refrão é "chope, chope, chope".

  A cidade se veste dos alemães caracterizados "Fritz" e "Frida", dos taxistas aos atendentes em lojas e restaurantes, e tudo gira em torno da cerveja com venda de produtos estilizados (canecas, chaveiros, chapéus, tiaras, bootons, camisetas, etc) sempre reverenciados a Sua Excelência, o chope.

  No desfile que acontece na Avenida 15 de Novembro, a mais importante de Blumenau, a ligação ao chope é associada à família, com as crianças, mesmo sem beber esse tipo de produto, usando canequinhas estilizadas e suportes ao chope. É impressionante, até os carrinhos dos bebês (vide foto acima) levam o barril do chope como símbolo.

  Na realidade, a cerveja tem um significado todo especial no Vale do Itajaí, cuja capital é Blumenau, porque movimenta a economia com sua produção artesanal, dita assim porque segue a Lei de Pureza Alemã, mas são médias e até grandes indústrias que empregam dezenas de pessoas, todas elas de ótima qualidade, bem acima desses chopinhos da Brahma e Kaiser que tomamos pelo Brasil a fora. 

  E são dezenas de marcas: Eisenbahn, Wunder Bier, Bierland, Holzweb, Das Bier, Opa, Zelin Bier, Schornstein, Borck, etc, que disputam entre si e também com as concorrentes multinacionais como a Heineke, a Brahma e a Kaiser e as alemães. E essa "guerra" do marketing se expõe de forma mais intensa no mês de outubro, quando acontece a Oktoberfest, que vai de 6 a 23 deste mês.

  A engrenagem em torno desse marketing envolve o Clube do Jeep de Blumenau, poderoso, e uma indústria de equiapamentos que vai desde a fabricação de centopéias de bicicletas, a motopéias, caminhõespéias e assim por diante. São equipamentos que não chegam a ser comparados em estrutura a um trio-elétrico, mas, são atrativos à festa e a eles estão agregados aparelhos eletrônicos de música.

  O turismo no Estado praticamente durante o mês de outubro gira em torno da Oktoberfest, desde o Balneário de Camboriu onde muitas pessoas ficam hospedadas (30 minutos de carro até Blumenau), em Floripa e nas cidades vizinhas, pois, a rede de hotéis de Blumenau não suporta a quantidade enorme de visitantes à festa.

  Não dá pra fazer comparativos com o Carnaval de Salvador porque a festa baiana tem uma maior dimensão e vende-se marketing, do governamental a diferentes tipos de produtos, e são oganizações culturais diferenciadas, uma vez que o Caranval perdeu toda a sua originalidade e a cada ano se modifica, agora, com uma camarotização voraz.

  Em Blumenau, na Oktoberfest, que tem um pouco de caracteristica carnavalesca, os ritos culturais do passado são expressos de forma muito intensa, ainda com uso de carros de bois no desfile misturados com as máquinas modernas. E todo o marketing gira em torno de um único produto: o chope.

  Campina Grande, na Paraíba, tem um pouco de Blumenau no mês do São João. Campina trabalha, também, um único produto (o São João) e, literalmente, se veste de João e Maria. São dois ou três mundos desse imenso Brasil. (TF)