Colunistas / Política
Tasso Franco

DISPUTA AO SENADO E FATOR ACM JR

ACM JR fora da chapa Souto é o carlismo fora da eleição
19/06/2010 às 22:24
            Estão praticamente definidos os nomes que disputarão com competitividade as duas vagas ao Senado nas vagas que serão abertas com as saídas dos senadores César Borges (BR) e ACM Jr (DEM), este, substituto do seu pai ACM, falecido em 2007. César Borges, no entanto, pretende continuar e é candidato à reeleição compondo a coligação com o ex-ministro Geddel Vieira Lima depois de quase compor a aliança com o governador Jaques Wagner (PT). O outro nome dessa coligação é o ex-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito, PTB, partido que compõe com Serra no plano nacional.

            Na coligação à reeleição de Wagner, depois de muitas articulações, marchas e contramarchas, o governador teve que se contentar com a prata da casa, o deputado Walter Pinheiro (PT), "in-pectore" preferencial e que foi levemente incomodado pelo espectro Waldir Pires, sem a menor chance de vencer uma disputa interna no PT; e a deputada Lídice da Mata, lançada pelo PSB como uma espécie de fato consumado, mas, que só vingou porque o desejo original de Wagner em ter César Borges, Otto Alencar e Edmundo Pereira não vingou.

            O PSB, no entanto, jogou certo. É o mais tradicional aliado do PT na Bahia, ao lado do PCdoB, andou se assustando com a provável candidatura Ciro Gomes à presidência da República, a qual, se vingasse, seria um problema para os socialistas no estado, fez seu papel também com Lídice na composição com Pinheiro na candidatura a prefeito de Salvador, em 2008, e, portanto, tinha todo direito de reivindicar essa posição. Se assim não tivesse agido, colocando Lídice de forma antecipada como candidata, talvez, hoje, estivesse de fora da chapa.

            No DEM, a escolha do ex-prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho, foi praticamente consensual. Amigo de Souto, ex-líder na ALBA, bem avaliado no segundo colégio mais importante do estado, José Ronaldo era a opção desejada pelo ex-governador para sua chapa e conseguiu sem maiores problemas. A outra vaga está reservada para o senador ACM Jr, candidato natural, o qual, enfrenta resistência familiar, especialmente no filho deputado ACM Neto que não o quer candidato. Nos bastidores, quando César Borges decidiu que, com Souto não iria devido a fidelidade partidária do PR ao projeto Lula e sua histórica dissidência com o ex-governador, Neto trabalhou para que Borges optasse por Geddel e não Wagner.

            O deputado ACM Neto garante que nunca houve acordo com o senador César Borges para que o senador ACM Jr não disputasse a reeleição no pleito deste ano. "Isso nunca existiu. A partir do momento em que o senador César Borges optou por apoiar a candidatura do deputado Geddel Vieira Lima (PMDB) ao governo da Bahia, nós decidimos nosso próprio caminho". É verdade. Acordo, de fato, nunca houve. Mas, todo mundo sabe internamente no DEM que, Neto nunca quis que o pai disputasse à reeleição. Várias reuniões foram feitas, uma recentemente durou 3 horas, sempre com a negativa de Neto.

            ACM Jr, no entanto, segundo informações de bastidores, nunca escondeu de ninguém seu desejo de disputar o pleito e manter a chama do "carlismo" acesa. Tanto que, na avaliação partidária DEM, é o melhor candidato deste partido, e Souto encaixou no seu discurso na Convenção Nacional do PSDB, no último sábado, uma referência à memória política do ex-senador ACM, com bastante ênfase, momento em que foi mais aplaudido pela platéia. Além do que, a cúpula "tucana", de Sérgio Guerra a José Serra tem feito apelos no sentido de que o senador aceite a missão. Missão, aliás, que pode ser um diferencial na campanha Souto trazendo para o núcleo central dos debates o "carlismo", força que nunca morreu e está vivíssima, esperando alguém para reanimá-la.

            E quem é esse alguém? O senador ACM Jr. Se isso acontecer vai incendiar a campanha, César Borges perde fôlego em alguns redutos, a situação (leia-se Walter/Lídice) vai gostar e a disputa ficará mais emocionante ainda do que já se prenuncia. E ainda tem "trocos" num provável segundo turno ao governo. Um César/Wagner, por exemplo.