Colunistas / Política
Tasso Franco

O TOM DE PAULO SOUTO E A CONFIANÇA NO MARKETING

Está faltando política na campanha de Souto
14/06/2010 às 08:23
O ex-governador Paulo Souto durante sua fala na Convenção nacional do PSDB realizada no último sábado, em Salvador, deu o tom de como atuará na campana eleitoral que se aproxima, mais precisamente no dia 17 de agosto, quando começam os debates na TV e os programas eleitorais nos veículos de massa, ao situar que, a Bahia com Wagner, "o estado está perdendo o nosso futuro e não consegue sequer acompanhar o desenvolvimento do Nordeste". Este será, portanto, ao que tudo indica pela ênfase dada por Souto na Convenção, o mote que norteará sua tática eleitoral.


No entendimento de Souto é preciso mostrar isso aos baianos com todas as letras, comparativos governo a governo, o que foi feito e o que está sendo realizado, e então apelar politicamente junto ao eleitorado por uma nova mudança na gestão pública estatal. "Juntos vamos dar as mãos e enfrentar e vencer o populismo" frase que evoca um sentimento, também exposto na Convenção, de que o governo revela em sua propaganda aos baianos feitos irreais, projetos que ainda não saíram sequer do papel, como a Ferrovia Oeste/Leste, a ponte de Itaparica e outros.


Diante desse guarda-chuva, a Bahia perdendo espaços na economia e na liderança política do Nordeste, estado que ainda é o mais importante da região, Souto pretende alicerçar toda sua campanha apresentando propostas dentro do "Projeto Soluções" e tentar, dessa forma, sensibilizar o eleitorado mostrando que Wagner e o PT tiveram sua vez e a desperdiçaram. E, retomar o poder. "Temos que reconquistar a posição que a Bahia sempre desfrutou", é a tese de Souto.


Nesse núcleo central estratégico da campanha, a retomada do crescimento da Bahia, pontos essenciais à vida da população serão abordados com mais ênfase, sobretudo aqueles que representam maiores desgastes a gestão governamental: as áreas da Segurança Pública, Saúde e Educação. Outras, como turismo, cultura, etc, entrarão no capítulo do desenvolvimento econômico. Prega o candidato do DEM que "cresceram o medo e a desesperança de homens e mulheres que acreditaram nas promessas eleitorais, e até hoje esperam o que foi prometido".  

Para reescrever esse "novo capítulo da nossa história", como disse na Convenção, vai mostrar aos baianos que é preciso dar continuidade ao caminho que o Estado desfrutava, em sua época e na era do "carlismo", sem "intervencionismo estatal e sem propaganda enganosa".

Estão aí, pois, em linhas gerais, a base do marketing político da campanha de Souto. Evidente que, estará amparada no plano nacional no palanque de José Serra, em contraponto ao seu principal adversário na Bahia, o governador Wagner, o qual, conta com o apoio do projeto político Lula/Dilma. As linguagens de Souto/Serra estiveram inclusive alinhadas na Convenção, embora, no plano local, DEM/PSDB não estejam próximos de um consenso e forças tucanas aderem abertamente com Wagner.

Souto admite que, é do processo político. Nesta segunda-feira, 14, sem lamúrias, o deputado estadual João Carlos Bacelar (PTN) deixa a coligação e se integra a campanha de Geddel Vieira Lima. Veja bem: Bacelar passou três anos e cinco meses ao lado da bancada da oposição, junto ao DEM, primeiro com Gildásio Penedo; depois, com Heraldo Rocha, sempre combativo contra Wagner. Aos 45 minutos do segundo tempo, porque cabeças coroadas do PSDB não aceitam coligações, muda de time. Lá se vão 40.000 votos para o outro gol.

O marketing político, todo mundo sabe que tem um valor inestimável numa campanha. Mas, quem ganha política é a política. Marketing político não opera milagres.