A Copa do Mundo de Futebol da África do Sul expõe o continente africano ao mundo como nunca visto antes. O futebol é uma paixão mundial. Embora nascido na aristocracia inglesa, uma das mais fechadas do mundo, conquistou todos os povos. A África, que é o continente mais atrasado do planeta, descobriu o poder da bola mais recentemente, a partir dos anos 1980/1990, e está tirando proveito dessa oportunidade para mostrar sua nova face, ainda com muitas ditaduras e sociedades tribais e patriarcais, mas, com avanços.       

E um exemplo dessa situação é a África do Sul. Pais mais desenvolvido daquele continente, situado na ponta da bota e que sofreu um "apartheid" severo das forças colonialistas bôeres (de origem holandesa, flamenga, francesa e alemã) e da colonização inglesa instalada na Cidade do Cabo. Graças às revoltas xhosa, zulu e afrikaneres e da personalidade de Nelson Rolihlahla Mandela, um marco na história mundial dos povos, se libertou e instalou uma República livre e independente.

Não é pouca história. A Companhia Holandesa das Índias Orientais, desde a descoberta da rota do Cabo (o tal Cabo da Boa Esperança dos gajos portugueses) e depois com o Império inglês, os europeus exploram o extremo Sul da África, a partir de 1652. Fato que também se deu no Brasil, aqui no vizinho Pernambuco, com Maurício de Nassau e outros flamengos, noutra dimensão, noutro contexto histórico e assim por diante. A África do Sul é um mar de oportunidades, 2.780 km de litoral banhados pelos Oceanos Atlântico e Índico. E, ainda, hoje, como no Brasil, estão os europeus e agora os asiáticos sugando nossas riquezas.

Cercada por vizinhos mais pobres do que ela, Zimbabué, Botsuana, Namíbia, Lesoto, Moçambique e Suzilândia, países que também foram (e são) explorados pela mão de ferro européia, a Republic of South Africa , lá se fala inglês, é a rota do emprego, do ideal de liberdade e de conquistas, um exemplo na mira dos povos do Continente, embora, cada caso seja analisado de forma diferenciada. O Zimbabué, por exemplo, é uma ditadura comandada por Robert Mugabe há 30 anos. E não se fala em democracia por lá nem em sonhos. A Tanzânia, onde o Brasil jogou, é muçulmana e com conceitos familiares que remetem ao século XIX.

Nada, portanto, que se pareça com Joanesburgo ou Cidade do Cabo, localidades que ainda têm muitos problemas sociais e pobreza, mas, cuja cabeça do povo está na contemporaneidade. A África do Sul mantém e cultua suas tradições, mas, no geral, na competição global, ninguém está interessado em falar dialetos e voltar às raízes ancestrais, como aqui algumas cabeças baianas ainda atuam assim, abordando a "Mama África", porque o mundo gira noutra rotação e o inglês, a TI, o computador, a industrialização, etc, são as bases dessa nova lógica.

Isso é o que a Bahia tem de entender. E não ficar com essa moviola da ancestralidade, da cultura de raiz, girando em torno de meia dúzia de grupos, e que não avança em conquistas importantes para a sociedade. O ProUni do companheiro Lula, permita-me a intimidade, vale mais do que toda essa louvação. O Brasil vai sediar a Copa de 2014. E a Bahia, embora na periferia dos jogos principais, tem seu papel nesse contexto. É uma oportunidade extraordinária. É só olhar o que está acontecendo na África do Sul com a venda do produto África, na mídia espontânea dos portais da WEB, TVs, jornais, rádios, etc, com espaços extraordinários.
            Então, mãos à obra. Apressem o passo e deixem de bolodório. E se quiserem um exemplo é só pegar o metrô de Joanesburgo que sai do aeroporto e vai até o centro dinâmico da cidade e do evento. Aqui ainda se fala numa via por ônibus.Uma garapa na champagne que será servida em 2014.